É difícil explicar um empate, em casa, contra um adversário que fazia sua primeira partida internacional, está eliminado precocemente do campeonato local, o Boliviano. Por isso, é compreensível que Eduardo Coudet tenha sofrido para tentar encontrar alguma justificativa para o 0 a 0 com o Real Tomayapo, diante de 24 mil pessoas no Beira-Rio pela segunda rodada da Copa Sul-Americana.
— Quando não ganha sempre é difícil buscar coisas positivas. O primeiro tempo não foi bom quanto ao ritmo que precisávamos e nas finalizações. Temos de concluir mais. No segundo tempo, circulamos mais a bola, criamos mais. Mas não estamos fazendo os gols. Fizemos apenas um nos últimos quatro jogos. É um problema do nosso time — disse Coudet.
Além disso, esse gol citado foi do lateral-esquerdo Renê, em uma jogada de falta contra o Juventude. O último gol de atacante foi de Valencia contra o São Luiz nas quartas de final do Gauchão.
— Queríamos ganhar, trabalhamos, tinha a torcida no estádio. O treinador faz muitas coisas para criarmos situações. Mas lamentavelmente não pudemos ganhar. Vamos continuar trabalhando, recém está no começo do ano — concordou Mercado.
A eliminação no Estadual somada ao começo inseguro na Copa Sul-Americana fez crescer o descontentamento com Coudet. E, pela primeira vez desde sua chegada, em setembro do ano passado, ouviu-se pedido de troca de treinador. Houve protestos fora do estádio, mas sem confrontos físicos com a polícia. Ele mesmo admitiu:
— Concordo que existe pressão no treinador. É assim o futebol. Mas acredito no trabalho que estamos fazendo. Nosso déficit é fazer gols. Jogamos sempre com cinco jogadores de frente e não conseguimos. A média de trabalho de um técnico no Brasil é de cinco meses. Na Argentina também é assim, uma montanha russa de emoções. Há alguns jogos éramos o melhor time do país, e agora estamos desse jeito. Temos de jogar melhor.
A próxima chance para isso é no sábado, no Beira-Rio. O Inter recebe o Bahia, às 18h30min, na estreia do Brasileirão, competição considerada prioridade na temporada. Havia uma expectativa de fazer 19 "finais" em casa para criar um ambiente positivo para a equipe, enfim, sair da fila. Mas o começo de abril é dramático.
Enquanto isso, o Tomayapo volta para a Bolívia com a sensação de dever cumprido. O técnico Cristián Arán, que reconheceu a força do Inter no segundo tempo, valorizou a determinação de seus jogadores. E em uma frase resumiu sua noite:
— Fizemos história em Porto Alegre.