Quando o Brasileirão começa há duas certezas de polêmica. A primeira recai sobre a arbitragem. A segunda sobre o gramado sintético. No caso do Inter, o desafio surge na terceira rodada. No domingo (21), o time de Eduardo Coudet encara o Athletico e o "tapetinho" da Arena da Baixada. Para manterem os 100% de aproveitamento, os jogadores colorados terão de fazer adaptações para a partida das 16h.
A percepção de mudança varia de atleta para a atleta. O inegável é que há diferença entre os dois tipos de piso. Além de um tempo de bola diferente, o gesto motor dos jogadores também é modificado, o que gera a necessidade de adaptação.
— Muda o processamento da informação sensorial, que é a velocidade sensorial. Quando a bola quica, se faz a leitura da altura, da velocidade da bola. Essa informação fica armazenada no cérebro. Se faz um cálculo mental para a leitura do jogo. O quique na grama artificial é diferente — explica Rodrigo Sartori, professor do curso de educação física da PUCRS e doutor em ciências do movimento.
O armazenamento de informações pode dar alguma vantagem a Athletico, Palmeiras e Botafogo, clubes que mandam jogos em gramados artificiais. O trio jogará com constância em campos de grama natural, enquanto os adversários do Brasileirão entraram em campo apenas três vezes em pisos sintéticos — no caso do Inter dois, pois o confronto contra o Palmeiras foi disputado em Barueri. O cenário faz com que os atletas destes três times estejam motoramente mais adaptados aos dois tipos de grama.
Sartori destaca que o tempo de adaptação de cada jogador para a mudança varia de acordo com a aprendizagem motora de cada um.
— Ter algum tempo de experiência já dá algum mecanismo. A forma como se traciona é diferente e faz com que o gesto motor seja diferente. Quanto mais rápido se adaptar, maior a vantagem.
Campeão da América com o Inter, em 2010, Nei explica as diferenças que percebeu dos seus tempos de jogador e, agora, como técnico.
— Minha opinião pessoal é que a dificuldade é a bola ficar mais rápida. Em contrapartida, não tem buraco, fica mais fácil para dar passe. Não senti dificuldade de jogar lá (Arena). Quanto a adaptação, para mim, se leva cinco, seis minutos para se adaptar ao jogo. O problema é quando a grama sintética é ruim — avalia o ex-lateral.