Contratos com patrocinadores, necessidade de variação, gosto do público, tudo isso eu entendo. Agora, o Inter perdeu uma grande oportunidade histórica ao colocar uma camiseta verde durante o Carnaval e não dar sequer um sentido histórico para ela. Sim, ele existiria, se o clube quisesse usá-la.
Para explicar, vamos voltar ao ano de 1909.
As sociedades carnavalescas faziam grandes desfiles na capital gaúcha no século 19, mas entraram em decadência logo após o fim do império, por motivos não bem esclarecidos. Elas começam a se reorganizar na virada do século, com centenas de pessoas fantasiadas em corsos ao redor dos zés-pereiras, bandas com zabumbas e tambores — o que hoje se chama bloco.
Tais qual as escolas de samba de hoje, as sociedades tinham dias específicos para desfilar — por serem as maiores, Esmeralda e Venezianos passavam pelas ruas da cidade em dias diferentes. No domingo de Carnaval de 1909, segundo o pesquisador colorado Raul Pons, a Esmeralda desfilou com carruagens representando vulcões, lendas gregas e até mesmo motivos patrióticos.
E na terça, o desfile da Venezianos foi apoteótico, com fantasias muito luxuosas representando motivos históricos e Otello, o mouro de Veneza de Shakespeare, levando o estandarte da entidade. Em homenagem aos Venezianos, o Inter passou a usar vermelho e branco.
Oportunidade perdida
Mas veja: era um domingo de Carnaval, como o de 1909, e a entidade mais carnavalesca do futebol gaúcho estava usando o verde dos Esmeraldas. Era a oportunidade perfeita para o Inter mostrar a história para a sua torcida. Se chovesse na terça de Carnaval de 1909, se algum carro alegórico tivesse problemas, se desse alguma briga épica, o Inter poderia ser...verde.
É uma pena que o Inter tenha desperdiçado essa oportunidade.