Entre os jogadores que começaram 2024 melhor do que 2023, Bruno Henrique encabeça a lista. O meia de 34 anos tem aproveitado o início do ano para buscar um lugar no time titular. E na melhor partida do Inter até agora, foi um dos destaques. Participou de dois gols, um com assistência direta, acertou 23 dos 24 passes que tentou (sendo que apenas quatro deles foram para algum zagueiro), tocou 78 vezes na bola e deu ritmo ao meio-campo. Isso que só jogou 45 minutos.
Contra o Caxias, depois de ter sido preservado na rodada passada, o meio-campista busca manter o alto nível e permanecer na equipe. A partida será às 16h30min deste sábado (3), no Beira-Rio.
Bruno Henrique até havia terminado bem o ano passado. Depois de uma oscilação no começo, foi ganhando espaço. Melhorou a ponto de Eduardo Coudet mexer em Charles Aránguiz para poder acomodá-lo no meio-campo mesmo em jogos grandes, como contra o Corinthians, em Itaquera.
A formação encontrada pelo técnico teve o chileno como volante à frente da defesa e Bruno Henrique mais adiantado, na segunda linha, partindo centralizado, mas com liberdade para se movimentar — inclusive chegar ao ataque quando preciso. Ele assessorou De Pena e Wanderson e deu suporte para Alan Patrick, tanto com a bola quanto na fase defensiva. É a peça que joga pelo centro da tal "linha de três" do meio-campo de Coudet.
Ele e Aránguiz, aliás, têm mostrado bom entrosamento, o que não chega a ser uma surpresa. Os dois são considerados jogadores com inteligência acima da média, e isso facilita o entendimento.
Bruno Henrique está tendo, em 2024, justamente o que mais precisava na temporada passada, uma preparação adequada. Como chegou no meio do ano, vindo do Al-Ittihad, da Arábia Saudita, passou por uma defasagem física na comparação com os companheiros. Com uma condição atlética melhor, viu seu desempenho melhorar. O que não espanta quem lhe acompanhou desde sempre.
Claudio Tencatti, atual técnico do Criciúma, foi seu comandante no Londrina, em 2012 e 2013. E não poupa elogios ao jogador, que era seu meia direita em uma formação com losango, ficando à frente do volante e logo atrás do camisa 10.
— É um jogador inteligente, de bom passe e boa finalização. No ano passado, teve mais problemas porque estava vindo de fora, e ainda da Arábia Saudita, é uma realidade diferente. Agora, com pré-temporada, uma preparação, vai render muito mais nesse time do Inter — argumenta.
Essa inteligência vem desde a base. Técnico do Iraty-PR em 2010, Gilberto Pereira conta uma história interessante da formação do jogador:
— Bruno estava no elenco sub-20, que não foi bem naquela época. Eu tinha saído, e o presidente me recontratou, mas disse que talvez ninguém fosse ajudar naquele time. Só que vi que ele tinha qualidade, então pude lançá-lo. Em seguida, virou titular, fiquei dois anos e ele era absoluto. Tinha uma grande batida na bola, um jogador muito técnico. Posso adiantar, agora com a pré-temporada, no nível físico dos outros, vai evoluir muito. O Inter vai ganhar demais.
Esse crescimento de Bruno Henrique é a típica dor de cabeça que o treinador adora. Coudet até usou uma expressão interessante, na entrevista coletiva pós-Ypiranga:
— Estou encantado com o incômodo que vou ter para montar o time. Clube grande é assim, tem grandes jogadores, e é difícil escalar os titulares. A competição interna aumenta o nível individual.
A competição de Bruno Henrique é especial. Dois dos melhores jogadores do time podem atuar por ali. Além do camisa 8, o lugar tem como concorrentes o próprio Aránguiz (que passou a maior parte do tempo nessa função e deve retornar para lá em partidas mais difíceis) e Alan Patrick (testado nela diante do Ypiranga, tendo uma dupla de ataque mais à frente). Por isso, a ordem é não baixar o ritmo e aproveitar as chances. Como a deste sábado, contra o Caxias.