Muito menos badalada, até pelo contexto, do que a eleição presidencial, a escolha de metade dos conselheiros, por parte dos sócios do Inter, também teve sua importância no cenário político do clube. Todos tomarão posse em janeiro, assim como o Conselho de Gestão. Na nova configuração, Alessandro Barcellos continuará tendo apoio da maior parte da base.
Ainda que a chapa de oposição tenha sido a mais votada individualmente, com 48 postos, foi a situação quem pode ser considerada vencedora. É que dois dos principais grupos de suporte a Barcellos alcançaram, juntos, 79 cadeiras. Segundo levantamento de GZH e também de conselheiros colorados, o bloco de apoio à direção conta com metade do CD.
A eleição reforçou a força do movimento Povo do Clube. Originário das arquibancadas, ele alcançou 91 lugares, 17 a mais do que tinha antes da eleição. Um de seus integrantes, Ivano Morbach, o Latino, está no Conselho de Gestão.
A chapa de Barcellos, composta por Academia Colorada, Inove Inter e Convergência Colorada, teve 21,2% dos votos. Isso deu ao grupo 32 cadeiras.
Entre os oposicionistas, o Movimento Inter Grande (MIG), derrotado na presidência, foi o mais votado, alcançando 48 lugares. Será o principal agente da oposição, que conta com 112 conselheiros declarados. Os outros movimentos são Avante Inter, DNA Colorado, Inter Maior, Colorado eu sou e União Colorada.
Há, ainda, dois grupos de conselheiros. Um é o Reage Inter. Liderado pelo ex-candidato à presidência José Aquino Flôres de Camargo, o conjunto tem como lema uma não-adesão nem à situação nem à oposição. Eles contam com 32 membros. O outro não é bem um grupo: são conselheiros que não se identificam com qualquer movimento — e são consideradas figuras pouco presentes no dia a dia do Inter.
Na prática, essa composição dá garantias à gestão para aprovar projetos que exijam a participação dos conselheiros sem que haja a necessidade de negociações complexas. Na análise de conselheiros ouvidos por ZH, a base por si já asseguraria o andamento das proposições.
Isso é importante em casos polêmicos. Se não garante, por exemplo, vitória antecipada em eleições (são necessários 85% dos votos para que o pleito não seja decidido pelos sócios), dá tranquilidade à gestão para, ao menos, apresentar projetos que eventualmente possam ser polêmicos. E também consegue aprovar prestações de contas sem o medo de uma análise política oposicionista.
Exemplo prático: o ingresso na Liga Forte Futebol (LFF) teve apoio da maioria dos conselheiros mesmo sem precisar de convencimentos externos. Outros debates, como mensalidade e até aprovação de contas, também podem ser menos desgastantes. Mas entre os integrantes do conselho de gestão, mesmo com a maioria, o plano é seguir trabalhando em conjunto com o CD.
— Sempre fomos extremamente transparentes e respeitosos com o Legislativo do Clube. Todos os temas de relevância para o Internacional, enquanto instituição, seguirão precedidos de amplo debate no CD, buscando também a concordância dos que hoje estão na oposição. Quanto menos temas tiverem que ser decididos por votação, melhor — diz o secretário geral do Inter, Cauê Vieira.
Se não está pacificado completamente, mesmo ao final da eleição, ao menos o apoio interno está garantido ao presidente nesse começo de segundo mandato.