Quando tudo parecia se ajeitar no Inter, com três vitórias em quatro jogos após a traumática queda na Libertadores, com uma sequência animadora contra os dois lanternas do Brasileirão, em casa, veio o tombo. Um ponto contra América-MG e Coritiba, somados, impediu o time de alçar voo e agora precisa responder a umas quantas questões que podiam ter sido evitadas. Essas interrogações dizem respeito ao trabalho de Eduardo Coudet e a quedas de rendimentos de jogadores já sacramentados.
A falta de perspectiva foi uma das razões apontadas pelo técnico para o mau desempenho do time. A eliminação para o Fluminense tirou as chances de título da equipe na temporada e o sonho da conquista da Libertadores fez a comissão técnica optar por colocar reservas em boa parte do Brasileirão. Esse sacrifício cobrou um preço: quando acabou a competição continental, basicamente, também terminaram as aspirações via Brasileirão.
Mas para além disso, há erros do treinador. Inclusive admitidos por ele mesmo. O principal é que as grandes atuações do Inter envolveram ter os 11 titulares. Sem Rochet, Bustos, Vitão, Mercado e Renê; Johnny, Aránguiz, Mauricio, Wanderson; Alan Patrick e Valencia, o desempenho cai. E não é quando saem alguns, como nas datas Fifa. Basta um deles não estar à disposição que a equipe perde qualidade. E não se fala apenas de Alan Patrick ou Valencia, jogadores acima da média no cenário brasileiro. Basta não ter Renê, por exemplo, que o Inter fica torto.
— Sempre vamos ter desfalques. Estamos sentindo cada vez que fazemos três ou quatro trocas. Antes não sentíamos tanto — disse o técnico após o empate com o América-MG.
Claro que é preciso descontar o tempo de trabalho e o fato de ter chegado no meio da temporada, mas Coudet não conseguiu, segundo ele mesmo, achar o equilíbrio. Quando o Inter não tem os 11, fica longe das melhores partidas.
Também é preciso dividir as culpas. O treinador repete uma frase de que está lá para tentar deixar o caminho mais limpo para os atletas. Mas no fim das contas, quem está em campo é que decide. E os jogadores também se atrapalharam.
Um dos problemas é a pontaria. Desde a eliminação para o Fluminense foram seis jogos. Neles, o Inter finalizou 83 vezes. Desses, apenas 34 foram na direção certa. E desses, 14 viraram gols. O aproveitamento é de 16%. O desperdício é alto. Só contra o Santos, o índice foi alto. O time concluiu certo sete vezes e marcou sete gols (foi uma defesa do goleiro, já que um dos gols foi contra). Coudet afirmou que esse é um de seus objetivos até o final do ano:
— Sinto que podemos ganhar quanto à eficiência. Tivemos 15 finalizações. Estamos tendo porcentagem muito alta de finalizações, mas não estamos convertendo. Obviamente não vamos fazer como no jogo (contra o Santos), mas podemos ganhar jogos de 1 a 0 também.
A defesa também está vazando com frequência. Titulares, reservas, Keiller, Rochet, não importa quem esteja em campo, o Inter leva gols. Foram 19 nos últimos 11 jogos. É quase como se precisasse marcar três vezes para conseguir ganhar uma partida (e no caso do confronto com o Coritiba, nem isso foi suficiente). Estancar essa torneira é visto como prioridade.
— Tentamos ajustar e trabalhamos para não sofrer gols, porém temos sofrido em momentos decisivos, e é difícil, pela competitividade do Brasileirão. Sofrer muitos gols te coloca em dificuldades nas circunstâncias das partidas — disse Alan Patrick na entrevista coletiva de quarta-feira.
Haverá pouco tempo para trabalhar. No sábado, a delegação viaja para Belo Horizonte, local da partida contra o Cruzeiro, às 16h de domingo, pela 32ª rodada. A boa notícia para o treinador é que os jogadores que saíram mais cedo contra o América-MG, Nico Hernández e Rômulo, não apresentaram lesão e ficarão à disposição. Além disso, Vitão, Johnny e Mauricio estão de volta após cumprirem suspensão.