Uma entrevista concedida à RBS TV pelo técnico Eduardo Coudet, pouco antes do jogo do Inter com o Bahia, em Salvador, deve impactar diretamente a eleição para a presidência do clube. Apesar de os dois candidatos revelarem publicamente o interesse na permanência do comandante, o argentino descarta negociar a renovação de contrato antes do pleito, marcado para o dia 9 de dezembro. Desta forma, o nome do treinador tende a ditar o rumo dos debates eleitorais.
— Quando fui procurado neste ano, a gente acertou claramente até quando ia o contrato. Já passei por uma eleição no Inter, em 2020, e sei como é. Só vou tratar do meu futuro depois das eleições. Vamos esperar — disse Coudet ao repórter Jeremias Wernek, pouco antes da derrota por 1 a 0, na quarta-feira (18).
Na prática, o treinador descarta a possibilidade de os dois candidatos chegarem a um acordo para a antecipação da sua renovação, deixando a definição do seu futuro para a partir do dia 10 de dezembro, mais de uma semana após o término do Brasileirão. Uma consequência disso é que a futura direção teria pouco tempo para buscar um novo técnico caso não chegue a um acordo com o argentino.
Internamente, as duas chapas avaliam que, ao menos hoje, Eduardo Coudet é um nome aprovado pela maioria dos sócios colorados. Logo, no atual contexto, a vinculação ao argentino é vista como um trunfo eleitoral.
Porém, sem uma definição sobre o futuro do treinador antes de os colorados irem às urnas no dia 9 de dezembro, Coudet deve ser protagonista nos debates eleitorais a serem realizados entre a situação, liderada pelo atual presidente e candidato a reeleição Alessandro Barcellos, e a aposição, liderada pelo ex-vice de futebol Roberto Melo.
Conforme apurado por GZH, a candidatura que representa a atual gestão deve apostar na boa relação entre Alessandro Barcellos e Eduardo Coudet, que se construiu desde os tempos em que o atual presidente era vice de futebol na gestão de Marcelo Medeiros e que foi fortalecida em 2023, quando o argentino foi recontratado. Além disso, a chapa situacionista deve enfatizar os atritos que ocorreram entre o treinador e a gestão anterior, liderada pelo grupo político ao qual Roberto Melo está vinculado.
A candidatura oposicionista, por sua vez, deve relembrar que foi Roberto Melo quem, como vice de futebol, ainda em 2019, contratou Coudet pela primeira vez para o clube e que o agora candidato já não fazia parte da gestão quando o treinador decidiu deixar o Beira-Rio. Além disso, uma ideia da chapa é convencer o associado de que, com o aporte do empresário Delcir Sonda, uma eventual gestão Melo poderia dar a Coudet um time mais competitivo.
O fato é que, independentemente do resultado e do futuro da negociação com Coudet, o nome do argentino será protagonista nos debates eleitorais colorados.