Enquanto tenta se recuperar no Brasileirão em busca de uma vaga na Libertadores, o Inter viverá, fora de campo, mais um processo eleitoral para a escolha do Conselho de Gestão, o que inclui o presidente e quatro vices, que irá comandar o clube entre os anos de 2024 e 2026. A oposição é representada por Roberto Melo, vice de futebol da gestão de Marcelo Medeiros de janeiro de 2017 a novembro de 2019.
Melo foi o entrevistado do programa Show dos Esportes, da Gaúcha, na noite desta sexta-feira (13). Questionado sobre o técnico Eduardo Coudet, o dirigente relembrou a relação com o treinador argentino, que teve o trabalho à frente da equipe colorada elogiado.
— Eu gosto muito do Coudet, tanto que fui eu que o contratei em 2019. Em sentia que precisávamos jogar de uma forma diferente. É um treinador que eu gosto, que está fazendo um bom trabalho. Não conseguiu conquistar alguma coisa, mas o trabalho é bom. O time evoluiu e mostrou uma cara que o torcedor gosta. O que faltou foi reposição. Quando alguns jogadores cansam, a reposição cai demais e isso fez muita diferença — pontuou.
Entre os principais pontos defendidos por Melo para o futuro do Inter está o foco nas categorias de base. Ele defende a venda de jogadores como medida capaz de auxiliar no incremento de receitas.
— O Inter tem de valorizar o seu associado. Tem de pensar melhor no serviço. Tem de valorizar o associado do Interior. Os consulados estão abandonados. Precisamos fazer o Inter formar jogadores novamente. A partir do ano que vem, qual jogador nós temos para vender? Ou para colocar no time? Os dois jogadores que serão vendidos foram nós que deixamos, que são o Johnny e o Mauricio. Queremos fazer um time campeão — afirmou.
Pela situação, o atual presidente, Alessandro Barcellos, concorrerá a reeleição. Procurado para participar do programa, e ter o mesmo tempo de entrevista do oponente, declinou do convite.
"Dar entrevista sobre o tema neste momento é acelerar os processos naturais. Sendo assim,(Barcellos) irá falar com os sócios colorados que acompanham a Gaúcha no momento de definição do segundo turno, partindo para o voto do associado", disse a manifestação da assessoria de Barcellos.
O primeiro turno, com votos dos conselheiros, está marcado para 7 de novembro. Caso nenhum candidato alcance 85% da preferência, ambos passam para o segundo turno, quando serão submetidos à escolha dos sócios, em 9 de dezembro.
Confira outras respostas de Roberto Melo:
Situação financeira do Inter
"A dívida vem aumentando há muito tempo. Ela vem crescendo. Nesses últimos três anos, ela continuou aumentando. É uma dificuldade que o clube tem de equacionar, como os juros absurdos que o clube paga. Temos de buscar alternativas. Uma delas é formar jogadores. Tem de construir o seu CT. A (última) gestão faturou quase R$ 1 bi e não investiu um real. Os nosso times vencedores sempre tiveram jogadores da base. Temos de formar jogadores e vendê-los para fazer recursos."
Pacificação do clube
"O Inter está rachado. Queremos pacificar o clube. Quando vencemos os títulos de 2006 a 2010, com o Fernando Carvalho, o mérito dele era de aglutinar as pessoas no mesmo propósito. Precisamos gerar novas receitas, ir atrás de investidores. O Inter tem grandes colorados espalhados pelo Brasil afora. Não é possível que não se apresente uma ideia, como a de um fundo direcionado para pagar dívidas, investir em jogadores e construir o CT. Temos de ter criatividade."
Abel e D'Alessandro de volta?
"Temos de ter os melhores gestores. De preferência, que conheçam a cultura do Inter. O Inter não pode ser entregue a aventuras. Não pode sair de um Abel para um Ramírez. Não pode sair de um Rodrigo Caetano para um Paulo Bracks. O Inter não precisava de rupturas. Naquele momento se fizeram experiências que não deram certo. Perdemos tempo. O Inter sempre foi feito de continuidade e não de rupturas. É complicado falar de profissionais que estão trabalhando. O nosso projeto é ter pessoas identificadas, com qualidade e experientes. É normal que se pense no Abel e no D'Alessandro, mas neste momento não existe nada."