Faltando oito dias para disputar as quartas de final da Libertadores no lugar mais inóspito da América do Sul, o Inter tem um problema para resolver. O time terá de enfrentar o Bolívar na altitude de La Paz, em 22 de agosto, mas no dia 19 ficou na obrigação de reagir no Brasileirão, quando abrirá o segundo turno recebendo o Fortaleza, no Beira-Rio. Essa urgência aumentou com a derrota de sábado (12) à noite por 3 a 1 para o Botafogo, no Rio de Janeiro. Já se vai mais de um mês desde a última vitória no campeonato nacional.
Foi a 13ª vez que os colorados deixaram o campo sem conquistar três pontos no Brasileirão. No primeiro turno, o time somou apenas seis vitórias. Perdeu mais do que ganhou (7 a 6). Os números são inversamente proporcionais à expectativa que havia no Beira-Rio depois do segundo lugar do Brasileirão de 2022.
Para além do resultado, o confronto com o Botafogo sublinhou os problemas colorados. De novo, a equipe fez um primeiro tempo de alto nível, saiu na frente. Mas, pela terceira vez sob comando de Eduardo Coudet, não segurou a vantagem e tomou uma virada (já havia ocorrido isso contra Cuiabá e River Plate, na Argentina). O time despencou também fisicamente na segunda etapa e não resistiu à pressão e à intensidade do líder do Brasileirão:
— O intervalo nos matou — resumiu o treinador.
Ele mesmo admitiu dificuldades para explicar a razão para o Inter ter voltado tão mal do vestiário. E reconheceu que a ideia que tentou implantar para segurar o ímpeto dos mandantes, de incluir um terceiro zagueiro, não funcionou.
Coudet atribuiu o cansaço à intensidade da partida de terça-feira (8), na vitória sobre o River Plate. Citou, inclusive, os que percebeu mais esgotados: Mauricio, Alan Patrick, Enner Valencia e Wanderson. O volante Gabriel concordou com essa análise:
— Tivemos um jogo muito desgastante e isso pesou no segundo tempo. O primeiro foi muito bom, deixamos de sair com um placar maior. Na segunda etapa, voltamos mal e pagamos por isso. Vamos corrigir os erros, melhorar e voltar a vencer contra o Fortaleza em casa.
Coudet completou, lembrando de um dado importante:
— Ainda não ganhei no Brasileirão, isso me preocupa. Sei que nossa maior atenção está na Libertadores, mas precisamos ganhar. E sábado temos essa obrigação.
A partida que abre o returno, aliás, ganhou importância. E um dilema. Jogar a mais de 3,6 mil metros acima do mar já costuma cobrar um preço altíssimo a times bons e bem preparados. Um grupo que sofre fisicamente desde o início do ano tende a penar ainda mais. Por isso, é hora de entender quem poderá estar em campo e quem terá de descansar no sábado.
— Precisamos saber como não chegar cansados na altitude. Não quero falar da Libertadores, mas está na minha cabeça. Precisamos ter os jogadores com melhor condição física na altitude. É uma dificuldade muito importante. Vamos ver quem chega bem no sábado, sabendo que temos de jogar terça em La Paz — finalizou o técnico.
Gabriel, aliás, deu o tom do que será a semana. Terá de enfrentar o Fortaleza da melhor forma possível. E estar prontos:
— Na Bolívia, temos o jogo da vida.
Serão oito dias e dois jogos decisivos para o futuro colorado. A linha entre o drama do Brasileirão e a esperança da Libertadores continua tênue.