O gol de Enner Valencia deu ao Inter uma vantagem para o confronto de volta das quartas de final da Libertadores. Para obter uma virada, o Bolívar luta contra seu retrospecto fora de La Paz. A equipe boliviana tem na atual edição da competição continental e também historicamente dificuldades longe da altitude. Neste ano, o clube venceu apenas um dos quatro jogos como visitante. No total da história dos enfrentamentos com brasileiros, o Bolívar acumula apenas um triunfo em 15 partidas desde 1983, quando fez seu primeiro jogo em território brasileiro também em Porto Alegre, contra o Grêmio.
Na atual edição, a derrota para o Inter marcou a perda dos 100% de aproveitamento do Bolívar em La Paz após quatro vitórias. Fora de casa, porém, o único triunfo veio diante do Cerro Porteño, uma goleada de 4 a 0, em Assunção, que foi determinante para a classificação antecipada às oitavas de final. Nos outros três compromissos fora de casa, a equipe treinada pelo espanhol Beñat San José foi derrotada somando um total de nove gols sofridos.
Quando o assunto é o confronto com os brasileiros, o Bolívar sofreu 13 derrotas em seus 15 jogos no Brasil. A única vitória veio em 2002, 2 a 1 sobre o Athletico-PR. Além desse jogo em Curitiba, o Bolívar não saiu derrotado uma outra vez, em 2014, 2 a 2 com o Flamengo, no Maracanã.
O que muda para quem sai da altitude
A dificuldade não apenas do Bolívar, mas habituais dos clubes de La Paz fora de casa geram dúvida sobre o prejuízo que têm atletas que saem da altitude para jogar ao nível do mar. GZH conversou com o preparador físico brasileiro Márcio Faria Corrêa, que já trabalhou no adversário do Inter desta terça-feira e falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos jogadores bolivianos quando descem da altitude.
Corrêa destaca que faltam maiores estudos científicos sobre os efeitos sentidos pelos atletas de futebol habituados a La Paz quando saem de lá. Por sua experiência, no entanto, aponta os cuidados que os bolivianos costumam ter quando descem da montanha.
— As pesquisas nessa área da descida são pequenas porque se reduz a quem desce, mas a gente também vive de algumas evidências. Quem vive na altitude tem o aumento dos glóbulos vermelhos, parte responsável do sangue para levar oxigênio para todos os órgãos. Quanto mais glóbulos vermelhos o sangue tem, mais leva oxigênio para o sangue. A proporção da composição sanguínea é diferenciada, o que a nível do mar teria glóbulos vermelhos em excesso — observa.
Os efeitos desse excesso de glóbulos vermelhos, no entanto, geram pouca influência para os jogadores na hora da partida, acredita Márcio Corrêa.
— O que percebi que poderia impactar negativamente, mas se tem recurso para isso. Quando se desce há uma retenção de líquido. Então chega aqui e faz massagens, trabalhos de salto para a melhora do retorno venoso do sangue. As panturrilhas são o segundo coração no esporte e trabalhos leves de salto facilitam para remoção da retenção hídrica — completa.
É comum, por exemplo, maratonistas viajarem a cidades com altitude para treinar visando ter uma vantagem ao competir ao nível do mar. O preparador físico Márcio Corrêa alerta que esse tipo de vantagem não aparece da mesma forma no futebol.
— Se eles viessem correr uma maratona, que é um esporte essencialmente aeróbico, haveria vantagem, mas a atividade desenvolvida dentro do futebol não é contínua, é intermitente. Maratona é continua, você tem uma meta e luta para cumprir. O futebol não depende essencialmente da capacidade aeróbica. Precisa ter uma estrutura muscular adequada, potência muscular, o desgaste emocional. Em uma maratona o desgaste emocional é atender a uma meta, no futebol são as mais variadas tomadas decisões. Você toma mais de mil decisões durante o jogo — ressalta.
Bolívar contra brasileiros no Brasil
- 15 jogos
- 13 derrotas
- 1 empate
- 1 vitória
- 8,8% de aproveitamento
Bolívar fora de casa nesta Libertadores
- 4 jogos
- 1 vitória
- 3 derrotas
- 25% de aproveitamento