A estreia de Enner Valencia no Inter foi frustrante. No lado direito de ataque, diferentemente de como vinha jogando no Fenerbahçe, o equatoriano apareceu pouco. A opção de Mano Menezes ainda gerou dificuldades no momento defensivo colorado. O Desenho Tático de GZH mostra como foi o funcionamento do time gaúcho na estreia de Valencia.
Sem Alan Patrick, suspenso, e Mauricio, lesionado, Mano Menezes promoveu o retorno de Carlos de Pena ao meio-campo. O treinador ainda perdeu, antes de a bola rolar, Johnny, que teve febre no final de semana. Campanharo foi o escolhido para entrar na equipe.
O Inter iniciou com Campanharo, Rômulo e De Pena formando um tripé no meio-campo. Wanderson seguiu aberto pelo lado esquerdo e Luiz Adriano como centroavante. Enner Valencia completou o trio ofensivo pelo lado direito.
No Fluminense, diante da ausência de Ganso, Diniz usou o atacante Lelê como o meia central, abrindo Lima no lado direito. Keno foi o homem de velocidade pela esquerda, batendo contra Bustos.
Desencaixe no lado direito
Como Fernando Diniz define, o Fluminense é um time "aposicional". Sua ideia é de sempre acumular muitos jogadores perto da bola, para assim gerar superioridade sem manter posicionamentos fixos na fase ofensiva.
Essa forma de atacar sobrecarregou a marcação do Inter. Meio-campista de origem, Lima iniciava pela direita, mas aparecia constantemente por dentro abrindo o corredor para as subidas de Samuel Xavier, que tinha Wanderson como seu marcador.
A ideia exposta por Mano Menezes na coletiva pós-jogo foi de que no outro lado Rômulo compensasse a marcação para que Valencia não precisasse fazer o mesmo contra Marcelo.
— O Fluminense é um dos times mais criativos do campeonato, sabemos como eles jogam e nos preparamos para neutralizar isso com três homens no meio. Fizemos uma parte do jogo com De Pena pela esquerda e tentando aproximar o Enner Valencia do Luiz Adriano para que Rômulo e Bustos fizessem o corredor por fora. Não conseguimos fazer a ponto de sermos dominados no primeiro tempo — explicou.
A ideia de Mano, porém, não funcionou. Com o Fluminense acumulando jogadores no meio, Rômulo precisava ajudar a fechar espaços por dentro, o que abria um corredor para Marcelo.
Nesse momento, a função de atacante da direita exigia que Valencia acompanhasse o lateral do Fluminense. Sem fazer a função de extrema nos últimos anos da carreira, Valencia não conseguiu executar esse papel e Marcelo teve liberdade para receber e ditar o timo do time carioca pelo seu setor.
Movimentação do Fluminense desencaixou marcação do Inter:
Foi pela esquerda, não com Marcelo, mas com Lima deslocado, que veio o cruzamento que originou o primeiro gol. Após o corte parcial de Mercado, Wanderson não acompanhou Samuel Xavier, que bateu cruzado para o desvio de Germán Cano no 1 a 0 do Fluminense aos 24 minutos.
Passando dos 30, Mano Menezes percebeu que sua estratégia não conseguiria conter os ataques de Marcelo e fez uma mudança de posicionamento. Ele desmanchou o tripé de meio-campo e abriu De Pena na direita. O Inter, então, passou a defender com duas linhas de quatro, tendo Valencia mais próximo de Luiz Adriano.
Mano abriu De Pena pela direita ainda durante o 1º tempo:
A nova tentativa de Mano também não deu resultado. Foi após uma bola perdida por De Pena que Marcelo chutou no lance que gerou o escanteio do segundo gol dos cariocas, marcado por Martinelli.
O primeiro tempo foi de total domínio do Fluminense, que teve 55% de posse de bola e 10 finalizações, seis delas no gol. O Inter teve apenas uma tentativa de chute, ainda assim travada.
Valencia não teve nenhuma ação dentro da área do Fluminense:
Enner Valencia foi substituído no intervalo para a entrada de Aránguiz. Mano, assim, voltou a formar um tripé no meio-campo, mantendo De Pena aberto pela direita. O Inter conseguiu controlar mais o setor, mas também pela postura do Fluminense, que diminuiu o ímpeto ofensivo com a vantagem de dois gols.
Posicionamento do Inter na volta para o 2º tempo:
O Inter até finalizou mais na etapa final, nove contra quatro, mas nenhuma obrigou Fábio a fazer alguma defesa. Alemão, em bicicleta que acertou a trave, foi o responsável pela tentativa mais perigosa do Colorado.
Foram apenas 45 minutos de Valencia em campo. O equatoriano deixou o jogo sem nenhuma ação ofensiva relevante. Não finalizou, não deu passe para finalização e nem teve sucesso em suas duas tentativas de drible.
É lógico que o equatoriano precisa de mais tempo para ganhar entrosamento com os novos companheiros, mas também deverá vir de Mano Menezes uma forma de aproveitar melhor o potencial da principal contratação do Inter na temporada.