“A gangorra vai virar”, me dizia o Colorado Delirante. Todo dia.
Os mais variados motivos já foram usados por ele para acreditar nisso. O último deles foi a chegada de Eduardo Coudet. Na semana passada, ele tirou todos os cachecóis vermelhos do armário — melhor nem imaginar, caro leitor, o cheiro que ficou misturando a naftalina com o suor do calorão de julho em Porto Alegre.
É à energia de "agora vai" do Delirante, e de milhões de colorados, que eu atribuo a correria do primeiro tempo do Inter contra o Bragantino. Parecia que Coudet havia colocado o dedo de cada um dos 11 colorados na tomada antes da partida. Do nada, surgiram passes no espaço, marcação avançada, aproximação de todos os setores... outro time.
Claro que no segundo tempo o Inter cansou, era inevitável que a intensidade não seria mantida até o final. Em outra época, o Inter já estaria com as linhas lá embaixo e chutando a bola para cima até a partida acabar. Mas o Colorado continuou correndo e criando chances. Até o árbitro intervir.
É inacreditável que o pênalti em Valencia tenha sido ignorado pelo VAR. A única justificativa é ter faltado luz na cabine do estádio de Bragança Paulista, ou que o árbitro de vídeo tenha ido ao banheiro ou pegado um café na hora do lance.
No fim, o empate ficou com gosto amargo da injustiça. O Delirante me mandou um longo áudio, com todos os xingamentos possíveis em direção ao juiz da partida, nenhum deles publicável. Parece um bom sinal: até semana passada, ele só dizia que nem viu o jogo. Mas eu só vou acreditar que a esperança voltou quando ele inventar outro motivo para a gangorra virar.
Votação importante
Na noite desta segunda (24), o Conselho Deliberativo do Inter vai decidir se o clube adere à Liga Forte Futebol ou à Libra. Torcedor: se informe sobre o assunto, converse com os conselheiros e participe dessa decisão. Ela pode ser fundamental para o futuro colorado — e não pode ser contaminada pelos interesses eleitorais.