Tem um certo folclore sobre o Inter e os adversários. A brincadeira é que colorados preferem enfrentar o Manchester City do que o Íbis. Isso porque, historicamente, a equipe se superava nos jogos grandes e se entregava nos confrontos de grife menor. Atribui-se bastante a perda de alguns campeonatos a pontos "bobos" deixados pelo caminho. Mas, em 2023, isso se inverteu. E, diante do Palmeiras, a partir das 18h30min deste domingo, pela 15ª rodada do Brasileirão, terá uma chance de mudar o panorama atual, de baixo aproveitamento contra os primeiros colocados na tabela.
De certa forma, até um determinado momento do ano, isso se confirmou. O Inter caiu do Gauchão para o Caxias, que está na Série D, e, da Copa do Brasil, para o América-MG, que segura a lanterna da Série A. No Brasileirão, porém, o caso é diferente.
O Inter começa o final de semana na 10ª posição. E precisa vencer para voltar ao G-6. Só que, contra os adversários que estão acima na classificação (e incluindo o Athletico-PR, que está imediatamente abaixo), o aproveitamento é ruim. Foram sete jogos até o momento, e apenas uma vitória — contra o Flamengo, com o gol de Mauricio no último lance. Houve também dois empates, diante de Fortaleza, fora, e Cruzeiro, em casa. E quatro derrotas. Fosse incluído o 12º, Atlético-MG, seriam cinco.
A fama de Robin Hood, que tira dos ricos para repassar aos pobres, não se sustenta em 2023. O Inter venceu todos os integrantes do Z-4 e, de quebra, ganhou também do 16º. Mano Menezes, após a vitória sobre o América-MG, no mês passado, falou sobre isso:
— Todos jogam contra os mesmos adversários. O Inter tinha a fama de Robin Hood. Agora, acabamos com isso.
De fato, o problema está em enfrentar os times melhores, como já era esperado (mas diferentemente do que costumava ocorrer no Beira-Rio). Agora, o adversário é o Palmeiras, que atravessa uma turbulência, mas ainda é o atual campeão nacional.
Tricampeão pelo São Paulo em 2006, 07 e 08, o ex-volante Richarlyson fala com propriedade sobre os melhores caminhos para buscar o troféu:
— Por ser um campeonato longo, a regularidade é importantíssima. Tem formas de organizar, fazer blocos de três ou seis jogos ou fazer um balanço no final do primeiro turno. Esse pensamento de dividir os times pelo local envolve uma coisa a mais. Tem uma questão psicológica de ganhar dos times que estão próximos na tabela, porque dá subsídio de que está no caminho certo. Ao mesmo tempo, perder para os da parte de baixo podem fazer a torcida parar de acreditar. Nos três campeonatos que ganhamos, fizemos a mesma estratégia, de viver um jogo de cada vez, sem pensar no longo prazo.
O ex-jogador toca em um ponto importante. Quando venceu Coritiba e América-MG e chegou a beliscar um G-3, o Inter chegou a dar esperanças à torcida de que poderia brigar por algo a mais no Brasileirão. Mas bastou aparecerem dois adversários da parte de cima que o desempenho caiu na mesma proporção.
A esperança, agora, é no tempo de preparação. Enquanto o Palmeiras jogou — e perdeu — na quinta-feira, pela Copa do Brasil, o Inter está desde segunda-feira pensando no confronto de domingo. O lateral Bustos disse, aos canais do clube:
— É sempre bom ter uma semana cheia para treinar, trabalhamos bastante para fazer o melhor e ganhar jogo. É muito importante o fator local para tentar conseguir a vitória. Vamos fazer o melhor para dar alegria à torcida.
Para melhorar no Brasileirão, será preciso mais do que simplesmente curar a Síndrome de Robin Hood. A história recomeça pelo Palmeiras.
Inter contra os 11 primeiros
- 21 pontos disputados
- 5 pontos conquistados
- 23,8% de aproveitamento
- 7 jogos
- 1 vitória (Flamengo)
- 2 empates (Fortaleza e Cruzeiro)
- 4 derrotas (Grêmio, Fluminense, São Paulo e Athletico-PR)