Há menos de um mês, o Inter anunciava Magrão como novo gerente esportivo do clube gaúcho. O ex-jogador, que trabalhou na na gestão do Inter Miami, chegou ao Beira-Rio após as saídas do diretor-executivo William Thomas e do coordenador-técnico Sandro Orlandelli, com o objetivo de trazer mais experiência para o vestiário.
A vinda do dirigente pode ter resultado em uma retomada do futebol. Desde que desembarcou mais uma vez em Porto Alegre, o Inter não foi mais derrotado (três vitórias e dois empates), apesar da eliminação na Copa do Brasil para o América-MG. Sexta-feira (16), no CT Parque Gigante, Magrão recebeu os jornalistas Diori Vasconcelos e Filipe Duarte para analisar as suas primeiras três semanas no cargo.
Qual a importância da parada da data Fifa para ajustes também no departamento de futebol?
É chover no molhado falar sobre a sequência de jogos que temos no Brasil. Isso já vem desde a época que eu jogava. Quando se consegue uma parada dessas, é importante em muitos sentidos, na parte física. Ajustes que o nosso treinador, por estar jogando, não consegue dar volume de trabalho. O Mano conhece muito bem o elenco que ele tem na mão. É mais para ajustar mesmo e dar ênfase na nossa parte física.
Como você ajuda na janela de transferências?
O presidente me deu muita liberdade para poder transitar nessas áreas. Eu gosto muito de vestiário, gosto daquela loucura, daquela ansiedade, daquele frio na barriga, do pré-jogo. É um momento bom para mim também. Se eu pude falar alguma coisa, contribuir com algo, isso também é um fator que que me motiva muito poder contribuir.
Já houve algum nome sugerido por ti que bateu com o que o Capa (Centro de Análise e Prospecção de Atletas) vinha trabalhando?
Já tivemos dois. Já tivemos nomes em que o Capa vinha trabalhando, mas eu não era muito favorável. Depois, fui convencido de algumas coisas. Vamos contratar, por exemplo, no ano, cinco jogadores, mas a gente já olhou 200. É um quebra-cabeça que a gente que a gente acaba tendo montar todo dia ali dentro.
Essa tua experiência também é muito importante nisso.
Já tem um trabalho aqui bem-feito. Eu chego para ser mais um ali naquele grupo para tentar auxiliar. Sou mais um ali no debate. Uma voz positiva ou negativa sobre esse ou aquele jogador.
O que falta na equipe? Qual foi o diagnóstico que tu fizeste no vestiário?
Cheguei há três semanas. É pouco tempo. Percebo que é um grupo que está sedento por vitórias. Um grupo que entende o quanto o torcedor está carente de títulos e de ídolos. Tem a vontade de conquistar, a vontade de ganhar. No vestiário, após o jogo contra o Nacional, em Montevidéu, os caras estavam acabados porque fizeram um grande jogo, buscaram um resultado e sofreram o gol no final. Os jogadores querem fazer história, querem mudar essa história recente do Inter.
O quanto esses jogadores que vão estrear ou reestrear podem elevar a régua?
O Gabriel, sem jogar, já contribui muito. É uma liderança positiva. Aránguiz também tem uma história bonita no clube, que merece todo o respeito. Só de estar no vestiário, ele já entrega isso para os outros jogadores. E o Enner (Valencia), a gente sabe toda a capacidade, toda a qualidade dele. A gente espera que tenhamos todos à disposição. Para que a gente possa ter um segundo semestre maravilhoso, atendendo às expectativas.
Qual é o setor que o clube está buscando? É um meio-campo?
A gente está atento ao mercado. No momento que venho aqui e te falo que preciso de um ou outro jogador, estou desvalorizando os meus. Procuro sempre valorizar o grupo que eu trabalho. A gente discute mais internamente, com o com o Mano, com a diretoria. Quem vier, vai ser para qualificar e para ajudar, não para atrapalhar ou para ser mais um no grupo.
É muito mais fácil lidar com uma estrela do que com alguns jogadores que acham que são dessa prateleira e não são.
MAGRÃO
Sobre a chegada de Enner Valencia
Como é que impacta no vestiário a chegada de um jogador como o Valencia?
Quando você está num clube como o Inter, sabe que vão chegar grandes jogadores. O jogador quer jogar com os melhores. Quando chega um atleta como o Enner, quem está aqui fica feliz pois vai participar desse momento. Ele não te dá só retorno técnico, como também pode dar retorno financeiro, pois potencializa outros jogadores no grupo. O vestiário se fortalece. É muito mais fácil lidar com uma estrela do que com alguns jogadores que acham que são dessa prateleira e não são.
O que a gente pode esperar desse Inter para o segundo semestre?
Uma equipe como Inter não entra para competir, só entra para buscar títulos. Pode não acontecer, mas vai estar brigando até o final. Esse é o nosso pensamento. Temos duas competições e totais condições de vencer.
Você deixou o Inter Miami (trabalhava na prospecção de atletas), que acabou de anunciar o Messi. Essa negociação já estava acontecendo enquanto tu estava lá?
Já, mas ela está acima de todo mundo. A gente já sabia dessa conversa, estava acontecendo. Uma preocupação que a gente teve é que ele foi campeão da Copa do Mundo, e a gente achou que ele não ia ir. Tinha meio que uma promessa de ele ir para lá. Não passava pelo nosso escopo. Estava mais acima.
Quando se começou a se debater isso?
Quando eu ia contratar algum jogador, até usava isso: "estamos trazendo o Messi".
Se falava em alguma coisa também de Suárez?
Não se falava. Fiquei sabendo por vocês da imprensa agora.