O Inter foi batido pelo Atlético-MG, no sábado (13), e chegou a três derrotas seguidas no Brasileirão. Em meio ao momento ruim, Mano Menezes mexeu três vezes no sistema tático da equipe e encontrou na formação do segundo tempo, com um trio de zagueiros, uma ideia que projetou dar sequência na temporada. O Desenho Tático de GZH mostra como funcionou o Inter nesse sistema elogiado pelo treinador após a partida no Mineirão.
Como começou
Sem contar com Alan Patrick, preservado, Mano Menezes optou por iniciar o jogo com uma alteração no posicionamento tático da equipe saindo do 4-2-3-1 para o 4-1-4-1. Assim, o Inter teve Matheus Dias, Rômulo e De Pena formando um tripé no meio-campo com Mauricio pela direita e Pedro Henrique pela esquerda.
O gol cedo e a superioridade apresentada pelo Atlético-MG nos primeiros minutos levaram Mano a mudar a formação da equipe antes dos 15 minutos. Mauricio foi centralizado para atuar na função costumeira de Alan Patrick e Rômulo ficou responsável por fechar o lado direito.
O Inter, assim, voltou ao 4-2-3-1 com a diferença de que Rômulo cumpria um papel defensivo pela direita enquanto Bustos era o responsável por atacar por aquele setor. Na esquerda, PH fazia a função típica do ponta tentando levar vantagem sobre o lateral Mariano.
Como o Inter variou posicionamento no meio no primeiro tempo
A mudança de posicionamento de Mauricio ajudou o Inter a controlar a saída de bola feita pelo volante Battaglia, mas não impediu a superioridade do Atlético-MG. Com vantagem na posse de bola (54% a 46%), o Galo finalizou seis vezes na primeira etapa contra duas dos gaúchos. Três chances dos mineiros vieram em lançamentos às costas da zaga colorada.
Entrada de Nico Hernández
Para tentar equilibrar o jogo, Mano mexeu profundamente na estrutura para a etapa final. O colombiano Nico Hernández entrou no lugar de Matheus Dias. O Inter, então, passou a ter três zagueiros, o que permitia defender com linha de cinco homens, mas com liberdade para Bustos e Thauan Lara atacarem simultaneamente.
A medida inicialmente visou conter a amplitude ofensiva que o Galo tinha com Pavón pelo lado direito e Rubens pela esquerda, explicou Mano após o jogo.
— Mudei o sistema no intervalo para dar segurança atrás, empurrar os alas e tentar igualar a ideia que o Atlético tinha. Eles jogavam com Pavón e Rubens pelos lados. A gente estava distante para quem joga com uma linha de quatro, como nós. Botei uma linha de três, adiantei os alas e a equipe fez uma atuação melhor em termos de números — explicou.
Os números melhores do Inter citados por Mano se explicam por um crescimento na posse de bola — teve 55% contra 45% do Galo — no segundo tempo e de finalizações, o Colorado teve quatro contra as duas do primeiro tempo. Ainda assim, o Atlético-MG criou mais tendo oito finalizações na etapa final. Ou seja, o dobro dos gaúchos.
Se marcou melhor os lados, o Inter teve dificuldade pela faixa central, principalmente após a entrada de Hulk. Posicionado inicialmente como atacante ao lado de Paulinho, o camisa 7 recuava para receber a bola e gerava superioridade para os mineiros à frente da defesa colorada. Foi em um lance assim que o Galo chegou ao segundo gol nos acréscimos.
Avanço de Thauan Lara que agradou Mano
Ainda que não tenha conseguido empatar a partida e sofrido o segundo gol, Mano Menezes viu pontos positivos na formação com três zagueiros. Quando joga no 4-2-3-1 habitual, o lateral-esquerdo Renê tem o papel de ajudar os zagueiros no início da construção das jogadas fazendo a chamada saída de três e o atacante da esquerda — normalmente Wanderson — fica como responsável por dar amplitude pelo setor. Com um terceiro zagueiro e Thauan Lara apoiando aberto, tanto PH quando Wanderson puderam se aproximar do centroavante gerando a variação que agradou Mano e poderá ser repetida nas próximas partidas.
— Temos o acréscimo de um jogador que passa e cruza bem, que é o Thauan Lara. A gente ganha um jogador com passagem pelo lado esquerdo, o que não temos normalmente porque temos um extrema com pé direito que quase sempre leva a bola para dentro. Outra coisa que ganhamos com Lara apoiando é ter dois atacantes, para ter um atacante próximo e tentar resolver nossos problemas. Tem um segundo atacante ajuda o atacante principal — elogiou.
Não foi a primeira vez que Mano Menezes usou uma formação com três zagueiros nesta temporada, ele já havia feito isso nas retas finais dos jogos contra CSA, pela Copa do Brasil, e Metropolitanos, pela Libertadores, ambos no Beira-Rio quando o Inter pressionava em busca da vitória. Pelos elogios feitos e com a dificuldade que a equipe vem tendo sem ter sequer marcado gol nas últimas partidas com derrotas, a formação se mostra uma alternativa para Mano Menezes tentar recuperar o Colorado no momento de turbulência na temporada.