O impactante episódio de um torcedor do Inter que invadiu o gramado do Beira-Rio com a filha no colo e agrediu um jogador do Caxias e um cinegrafista da RBS TV completa um mês nesta quarta-feira (26). Desde então, o homem foi indiciado por crimes na Polícia Civil e Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) e excluído do quadro social do colorado. Por "divergências contratuais", rompeu com sua advogada. O processo encontra-se em segredo de Justiça.
O homem de 33 anos, residente em Canoas, foi indiciado na Polícia Civil pelos crimes de lesão corporal ao cinegrafista e pela invasão de campo. Dudu Mandai, jogador do Caxias, não registrou Boletim de Ocorrência sobre o fato, porém ainda tem mais cinco meses de prazo para fazê-la.
No Deca, o torcedor do Inter foi indiciado pelos crimes de submeter criança a vexame ou constrangimento, expor a vida ou a saúde de alguém a perigo iminente e lesão corporal (a menina apresentou escoriações na perna). Ao todo, ele pode ser punido por até sete anos de prisão e multa pecuniária.
No depoimento à polícia, o torcedor confessou os fatos, alegando que praticou as agressões por "se sentir acuado". Além disso, a defesa dele alegou na época que o portão de acesso ao gramado foi aberto por seguranças do estádio, porque ele a a filha estariam sendo pressionados junto à muretas que dividem o campo das arquibancadas.
O relatório final do inquérito, porém, afirma que "essa atitude não condiz com alguém que busca resguardar a segurança de sua filha". Além disso, indica que "a agressão ao jornalista, ao contrário da versão do suspeito, foi gratuita e não foi praticada em situação de defesa".
Mudança na defesa
O processo judicial está em andamento na 6ª Vara Criminal do Foro Central de Porto Alegre e tramita em sigilo nível três. Durante a fase de investigação, o colorado recebeu assessoria jurídica de Thayane Paixão. No entanto, conforme a advogada, eles romperam a parceria por "divergências contratuais".
A defesa do acusado agora é feita pela Defensoria Pública. O homem procurou a instituição no dia 10 de abril para receber atendimento no processo. Procurada, a Defensoria informou que, como o caso transcorre em sigilo, só irá se manifestar nos autos do processo.
O fato ocorreu após a eliminação do Inter na semifinal do Campeonato Gaúcho. Após a derrota para o Caxias, nos pênaltis, jogadores de ambos os times iniciaram uma confusão no gramado. No período, além do homem que invadiu o campo com a filha no colo, foram registradas outras sete invasões de torcedores.
Todos foram ouvidos pelo Juizado Especial do Torcedor e indiciados por invasão de campo. Conforme a assessoria do Inter, esses sete foram identificados e tiveram a documentação enviada para as autoridades. Eles foram proibidos de frequentar jogos do clube por 60 dias.
Jogadores envolvidos
No âmbito desportivo, o julgamento Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS) ocorreu em 14 de abril. O Inter foi condenado com perda de um mando de campo e multa de R$ 5 mil. O Caxias, por outro lado, foi punido em R$ 400.
Os jogadores colorados Gabriel Mercado, Rodrigo Moledo, Alan Patrick, John, Baralhas e Emerson Jr, que participaram da confusão, foram punidos em seis partidas. O volante Marciel, do Caxias, foi suspenso por quatro jogos, enquanto Vini Guedes e Wesley Pomba foram absolvidos. A penas serão cumpridas no Gauchão 2024.
Os jogadores do Inter envolvidos na confusão também participaram de uma audiência preliminar do Tribunal de Justiça do Estado na última segunda-feira (24). Na ocasião, eles recusaram a proposta de transação penal feita pelo Ministério Público.
A proposta foi de pagamento de prestação pecuniária conjunta no valor de R$ 17.540,00 (quase R$ 3 mil por atleta) visando à aquisição de equipamentos destinados ao 1ª Batalhão Polícia Militar e ao Batalhão de Choque.
Em consequência, o processo agora vai para análise do MP, que poderá apresentar denúncia formal contra os atletas. A audiência dos jogadores do Caxias ocorre sexta (28), às 12h30min.