O empate com o Novo Hamburgo, neste domingo (5), marcou a primeira vez em que Mano Menezes escalou Pedro Henrique, Wanderson e Alemão juntos para iniciar uma partida, formação que chegou a ser pedida ao longo do último Brasileirão.
O jogo disputado no criticado gramado do Estádio do Vale foi de um rendimento baixo do Inter e com dificuldades reconhecidas pelo treinador colorado. Ainda assim, Mano deixou aberta a possibilidade de repetir a formação em outras oportunidades.
A escalação de três atacantes juntos não mudou a formação tática inicial do Inter. O Colorado seguiu no 4-2-3-1 tendo Wanderson pela esquerda e Alemão como centroavante.
Depois de ter atuado como centroavante contra São Luiz e Ypiranga, Pedro Henrique ocupou o lado direito de linha de três, posição que era de Mauricio.
A diferença que a escalação mostrou foi no comportamento de Pedro Henrique em relação a Mauricio. Habitualmente, Mauricio parte do lado direito em diagonal para se aproximar de Alan Patrick, virando um segundo meia.
Quem ocupa o lado é Bustos com seus avanços. Ainda que tenha atuado Mário Fernandes no Estádio do Vale, o lateral seguiu aparecendo por fora, em muitos momentos ocupando um espaço próximo a Pedro Henrique.
Esse cenário mudou após as primeiras trocas no segundo tempo. Aos 23 minutos, Mano Menezes mandou Mauricio, Bustos e Johnny a campo nos lugares de Alemão, Moledo e De Pena. Johnny entrou naturalmente no lugar de De Pena para formar com Baralhas a dupla de volantes. O sistema 4-2-3-1 foi mantido com Bustos na lateral e Mário Fernandes indo para a zaga. Mauricio passou ser o homem do lado direito para Pedro Henrique virar o centroavante.
Com o 4-2-3-1 mantido, o Inter passou a ter movimentação diferente após as trocas. Mauricio fez seu papel de aparecer por dentro na fase ofensiva, com Bustos ganhando liberdade pelo corredor.
Em sua avaliação sobre a partida, Mano viu pontos negativos e positivos na formação. Como positivo destacou o fato de o time não ter sofrido defensivamente. Por outro lado, entendeu que sua equipe sentiu a falta de um jogador no meio-campo. Ainda assim, o técnico deixou aberta a possibilidade de repetir a formação dependendo da característica do jogo.
— Era algo que a gente queria fazer há mais tempo. Pensei que era o jogo adequado porque ia ser difícil construir algo mais qualificado no meio-campo pelo gramado. Colocamos os três. Em determinados momentos funcionou bem porque tivemos força, não deixamos eles (Novo Hamburgo) chegarem na nossa área, mas com três à frente da linha da bola você cria outra situação de jogar. Para essa situação foi a melhor, para outra iremos pensar — apontou.
— A gente sempre pode fazer (repetir o time), pode ser para iniciar ou durante o jogo. É importante entender que com três homens à frente da linha da bola você perde um na construção. É matemático. Se põe lá, eles não estão onde você constrói com a bola passando mais de pé em pé. Tem horas que vamos jogar de uma maneira, outra hora de outra. O time tem que saber se comportar — completou.
Características do meio-campo dificultam
O analista tático do Footute Gabriel Corrêa concorda com Mano Menezes sobre o fato de que o Inter sofreu no meio-campo com a escalação dos três atacantes. Para Corrêa, esse problema começa desde a defesa, pela dificuldade de construção inicial do time e também porque falta no meio um primeiro volante de maior capacidade de criação.
— Tudo começa de trás para frente Dos quatro de trás só um tem essa capacidade de construção, o Vitão. O Renê até tem um pouco, mas é algo que deixa dependente do lado esquerdo. E não funcionou, principalmente, pelo trio de meias em si. O Baralhas não é esse volante, não é o cara de construção. Então, tudo fica a cargo do De Pena e do Alan Patrick. A diferença do Mauricio é ter mais um meia. Com ele deixa de ter só dois construtores para ter um terceiro. Wanderson e Pedro Henrique são verticais e o Alemão não consegue sustentar os ataques. Nesse caso específico concordo que o Inter tenha perdido o meio. Se tivesse três meio-campistas construtores e com capacidade de manter a posse seria diferente. Mesmo o Johnny não é muito passador, é de chegada — avalia.
O analista ainda aponta a má fase de Alemão como um dificultador para o Colorado:
— O que poderia salvar era o Alemão sustentar a bola, fazer pivô, algo que não tem conseguido. Se tivesse um 9 mais construtor, ele poderia funcionar como um armador. O Inter não tem hoje o primeiro volante com capacidade de passe nem centroavante com a capacidade de segurar jogo. Isso dificulta para escalar os três atacantes.
Como dito por Mano Menezes, a escalação do trio junto dependerá da estratégia definida para cada partida. Por conta disso, a formação tradicional com Maurício pelo lado direito poderá voltar já diante do Caxias nesta quarta.
Independente do time, o Inter precisará fazer valer o fator local para voltar a vencer após o empate com o Novo Hamburgo que o afastou ainda mais do líder Grêmio.