A necessidade bateu na porta do Beira-Rio. O início oscilante no Gauchão, por si só, já serviria como alerta para a urgência de reforços. Mas a isso somou-se o excesso de jogos dos mesmos atletas e, admitido pelo próprio Inter, o começo com 100% de aproveitamento do Grêmio. A pressão aumentou e a direção parece disposta a abandonar o projeto de só contratar com parcimônia, criatividade e observação. Ao longo da sexta-feira (10), dois nomes já conhecidos da torcida colorada se aproximaram de retornar ao clube: Aránguiz e Luiz Adriano.
A busca pelos dois jogadores evidencia a pressa e o retorno da fórmula de evitar apostas, mirando atletas que já passaram pelo clube. Na prática, procurar quem já tem resultados conhecidos. Mesmo que tenham idade avançada — em abril, Luiz Adriano completa 36 anos e Aránguiz, 34 —, pesa para eles o fato de já terem vivido a realidade do clube.
O discurso original do Inter era de repetir o que ocorreu em 2022. O clube foi atrás de atletas fora dos holofotes, dentro da realidade financeira e com observação de profissionais. Chegaram, desta forma, Bustos, De Pena, Pedro Henrique, Wanderson, Vitão e Renê, que deram resposta acima do esperado. Verdade que também houve erros, como Mikael, ou quem ficou abaixo do que se imaginava, como Braian Romero. Mas o índice de acertos foi alto.
Apesar do bom exemplo anterior, agora há uma certa urgência. Saíram jogadores que compunham o grupo, como Taison e Edenilson (além do próprio Romero) e só há meninos como opções. É visível que cai o nível do time quando os titulares saem. Resultado: Mano Menezes tem usado alguns jogadores por muito mais tempo do que o previsto, casos de Alan Patrick, Pedro Henrique e Wanderson. Peças que, todos sabem, se sofrerem alguma lesão, causarão grande prejuízo ao time e à sequência do Estadual.
Por isso, Aránguiz e Luiz Adriano agradam a Mano Menezes. Na pior das hipóteses, permitem que o treinador gire o grupo sem diminuir tanto a qualidade. E os dois são jogadores que conseguiriam liberação antes do final dos contratos, e ainda dentro do prazo de inscrição para o Gauchão. Isso difere de outros nomes que apareceram no radar colorado, como Rafael Borré e Lucas Alario, ambos ex-River Plate e atualmente no Frankfurt.
— O Inter está correndo o mundo atrás de jogadores. Tem atletas que são mais caros. O Inter não vive uma situação financeira excelente. Os jogadores vão chegar no momento adequado. Eles vão chegar na hora que tivermos condições — afirmou o vice de futebol, Felipe Becker, na última entrevista, na qual preferiu não estipular uma data para assinar contrato.
Além de Aránguiz e Luiz Adriano, outros dois nomes também foram especulados: os volantes Gustavo Cuéllar e Andrey Santos. O colombiano está envolvido na disputa do Mundial de Clubes, e neste sábado (11) estará em campo para enfrentar o Real Madrid, pelo Al Hilal. Seu time passa por problemas financeiros e existe uma sinalização positiva do volante em retornar ao futebol brasileiro, agora no Inter. Seu contrato vai até o meio do ano que vem, mas não descarta sair antes.
Andrey, 18 anos, foi recentemente anunciado pelo Chelsea. Mas, para obter liberação de trabalho na Premier League, precisa cumprir alguns requisitos, como partidas em competições internacionais (Libertadores, por exemplo), convocações, entre outras. O clube inglês pretende emprestá-lo por pelo menos quatro meses para que ele atinja essas metas.
Há outro fator, ainda, que aumenta a pressa do Inter por reforços. Está do outro lado de Porto Alegre. O Grêmio anunciou jogadores para todas as posições e Suárez em especial tem dado uma resposta muito positiva. O resultado é que o Grêmio lidera o Gauchão com 100% de aproveitamento após seis rodadas. A pressão cresceu, fato reconhecido até por Mano Menezes, que sabe o terreno onde pisa.
— A comparação é inevitável, pois o Grêmio está a uma distância muito grande. Mas não é hora de pensar no final do campeonato. Temos que pensar em fazer a pontuação para estar lá — comentou o técnico colorado na última entrevista coletiva.
Ganhar do Brasil de Pelotas fora de casa pode amenizar a necessidade. Mas não deverá impedir o Inter de contratar jogadores fora do estilo do ano passado. Nem que seja para compor grupo e aumentar as opções para o técnico.