A invencibilidade do Inter na temporada passa muito mais pelos empates do que pelas vitórias. Nos seis jogos realizados em 2023, deixou o campo com um ponto em quatro oportunidades. Esses oito pontos que ficaram pelo caminho fazem falta e impedem o time de estar em uma situação mais tranquila no Gauchão. Ao mesmo tempo, escancaram algumas falhas da equipe, que precisam ser corrigidas enquanto há tempo na competição estadual, antes da estreia na Libertadores.
As quatro igualdades tiveram circunstâncias diferentes. Duas delas ocorreram no Beira-Rio e duas fora de casa. E cada uma apresentou uma "culpa" diferente pela falta do resultado.
Em comum, porém, a carência de peças. É consenso que o time cai demais quando precisa incluir reservas. Os suplentes não estão perto do nível dos titulares. A própria direção admite.
— Precisamos trazer jogadores que sejam do nível do nosso grupo, que é muito bom. Estamos atrás de jogadores com características diferentes, que tenham condições de chegar e ajudar — declarou o vice de futebol, Felipe Becker.
Enquanto os reforços não chegam, é visível a queda de qualidade quando o técnico tem de trocar De Pena, Alan Patrick ou um dos atacantes, por exemplo. O problema é que o acúmulo de jogos já no início da temporada preocupa para a sequência.
— Quando a gente mexe é por alguma razão. Você não tira o Alan Patrick sem nenhuma razão. Temos jogado partidas seguidas. Jogamos quinta, domingo, hoje (quarta-feira) e encerraremos uma maratona no sábado — explicou Mano Menezes.
A seguir, analisamos as razões para os quatro empates do Inter após seis rodadas do Gauchão.
Os erros jogo a jogo
1ª rodada — Inter 2x2 Juventude
No primeiro jogo da temporada, o Inter empatou com o Juventude no Beira-Rio. O time saiu atrás logo no início, em uma falha de Keiller. Buscou o empate, mas logo depois ficou novamente atrás. Na parte final da partida, chegou novamente à igualdade. A equipe sofreu fisicamente e ter levado o gol cedo atrapalhou bastante.
— As primeiras rodadas vão trazer um tipo de dificuldade natural e vai faltar ritmo de jogo. A gente entrou ansioso, tanto a equipe como o estádio. Isso tem a ver com os anos de seca (sem títulos desde 2016). Não se ganha o campeonato na primeira rodada, e algumas falhas estão dentro desse contexto — justificou Mano.
2ª rodada — Avenida 1x1 Inter
Mais uma vez, o Inter vazou cedo. No terceiro minuto, Carlos Henrique abriu o placar para os donos da casa. Com a vantagem, pôde recuar e se preocupar apenas em destruir as ações coloradas. Só no segundo tempo, a partir da entrada de Carlos De Pena, o time de Mano Menezes chegou ao empate. O treinador deu uma bronca no time, que, segundo ele, precisaria entrar mais ligado:
— Nossa equipe é de doação total. Só poderá entregar o que fomos se estiver quase no seu limite, com muita disputa. Faltou isso nos dois primeiros jogos. Principalmente no início. Acho que terminou bem no comportamento.
5ª rodada — Novo Hamburgo 0x0 Inter
O jogo no Estádio do Vale foi marcado por dois aspectos alheios ao jogo em si, mas fundamentais para o futebol. O gramado castigado, recortado, retalhado e pintado de verde deixou a bola viva e difícil de controlar. A pouca iluminação atrapalhou na organização. E esse contexto foi usado por Mano e pelos jogadores para justificar a igualdade.
— É quase impossível jogar futebol nesse campo. É um desrespeito com o futebol gaúcho. Quem diz que é preciso valorizar o Gauchão deveria fazer vistoria em dezembro e chamar a atenção dos clubes. Esse gramado não tem a mínima condição. Não por acaso nenhum jogo aqui teve gol — avaliou Mano (na quarta-feira, saíram os primeiros gols do Estádio do Vale)
6ª rodada — Inter 2x2 Caxias
Foi uma opinião consensual que o Inter teve o melhor primeiro tempo da temporada. Os 45 minutos iniciais tiveram pressão, repertório e finalizações, mas apenas um gol. Na segunda etapa, porém, o Caxias cresceu, especialmente depois que Mano precisou tirar Pedro Henrique e Alan Patrick. O visitante chegou ao empate e, logo depois, à vitória. Foi preciso um gol de Alemão, nos acréscimos, para impedir a derrota. A quantidade de gols perdidos foi indicada como fundamental para o insucesso.
— Nas outras partidas que ganhamos em casa, conseguimos matar. Acho que é um detalhe. Não aconteceu hoje (quarta-feira), um pouco por falta de sorte, tivemos bola na trave — afirmou Pedro Henrique.