A decisão do Conselho Deliberativo de aumentar a mensalidade do associado do Inter desagradou a todos. Torcedores se manifestaram contrários à medida, enquanto a direção do clube lamentou que a proposta prevista no orçamento para o ano foi rejeitada, diminuindo o poder de arrecadação.
A intenção era corrigir o valor pago pelo associado em 27%. A majoração estava embutida no plano orçamentário para a temporada. Devido a um questionamento de um grupo de conselheiros, o colegiado se reuniu na segunda-feira (23) para votar a medida de maneira isolada. Foi decidido em consenso de que o aumento será de 10%.
— O Inter escolheu a pauta certa no momento errado. Saber fazer a gestão do clube em relação ao torcedor também é uma política tão importante quanto trazer resultados financeiros. O momento do Inter não é bom em um contexto geral. Logo, todos se perguntam por que justamente neste momento será necessário pagar mais para ser sócio. Agora, certamente, as cobranças serão mais fortes por contratações e resultados — avalia Vini Moura, comunicador identificado do Grupo RBS.
A proposta da correção da mensalidade foi feita tendo o IPCA (medidor oficial da inflação) como base e referente aos últimos quatro anos. A mensalidade não era reajustada desde 2018.
Na redes sociais, junto com a lamentação do aumento do valor em si, os colorados reclamaram que o clube não ganha títulos há anos e que a lealdade do associado não está sendo valorizada. Cobranças por contratações também entraram no embalo.
Para o bolso do torcedor, os acréscimos se darão da seguinte maneira: o plano "Carteira Vermelha" passará de R$ 125 para R$ 137,50, o plano “Campeão do Mundo" vai de R$ 50 para R$ 55, já o "Nada vai nos separar" sai de R$ 25 para R$ 27,50. A modalidade "Academia do Povo", com mensalidade de R$ 10, e as torcidas organizadas não serão afetadas pelo aumento.
No orçamento colorado, há previsão de receita de R$ 87 milhões advindas do quadro social. No ano passado, a previsão foi de R$ 70 milhões. A última demonstração contábil publicada no Portal da Transparência, referente a 2021, indicou uma receita na ordem de R$ 60,7 milhões.
— O percentual da receita vinda do associado caiu nos últimos anos. É irracional fazer futebol com menos dinheiro. No futebol, se compete com dinheiro. Na prática, o que foi votado é o déficit do ano — opina Glauber Gobatto, estudante de medicina e sócio do Inter há 18 anos.
O reajuste abaixo do projetado impactará o planejamento financeiro. A estimativa era de que ao final do ano o clube tivesse um superávit de R$ 1 milhão. Agora, a previsão é de déficit de quase R$ 11 milhões, já que com a decisão os cofres colorados deixariam de arrecadar quase R$ 12 milhões. Porém, há contestações sobre o pensamento.
— A questão é que na votação da peça orçamentária foram apresentadas quatro ações para o aumento da receitas com o sócio, uma delas era o aumento da mensalidade. Mas não se falou no percentual. Esse valor pode ser compensado com o aumento do quadro social — pondera Ivandro Morbach, conselheiro do movimento Povo do Clube.
A direção estuda a confecção de um novo orçamento para ser novamente votado pelo Conselho. Em 2022, o Inter fechou o ano com 103.522 associados, sendo 76.156 adimplentes. Outros 27.366 estão inadimplentes, o equivalente a 26,43% do quadro social.
* Com a colaboração de Bruno Flores