A repentina saída de Paulo Autuori do cargo de diretor técnico do Inter a 40 dias para a finalização da temporada foi uma surpresa no Beira-Rio. O profissional vai para o quarto clube em 2022, mas os dirigentes acreditavam que ele seguiria na função até o final do Brasileirão, previsto para 13 de novembro. Nos bastidores, o Colorado busca um substituto para o agora treinador do Atlético Nacional-COL.
O primeiro contato entre os colombianos e Autuori ocorreu há cerca de três semanas, segundo foi apurado pela reportagem de GZH. A relação entre o presidente Alessandro Barcellos e o diretor sempre foi franca. Havia a combinação de que ele não deixaria Porto Alegre para assumir a casamata de outra equipe brasileira, mas poderia topar um desafio fora do país.
— Houve o contato há algumas semanas por parte do Nacional e desde o primeiro momento tratei de manter o Presidente do Inter informado. Desde que comecei na função, sempre deixei claro que só voltaria ao cargo de treinador em caso de projetos fora do Brasil e foi o que acabou acontecendo no caso do Nacional, um clube que conheço e onde já trabalhei. Durante as tratativas, ainda tentamos prorrogar a saída para o final do ano, mas houve a urgência por parte do clube colombiano — disse Autuori, em comunicado no site do Inter.
Assim que a procura por Autuori foi realizada, ele comunicou ao presidente. A ideia do Atlético Nacional visava assumir o cargo para 2023. Porém, o interino Pedro Sarmiento não agradou e resultou na antecipação no acerto. Inclusive, o anúncio oficial surpreendeu a cúpula diretiva do Inter.
— Uma decisão unilateral que vínhamos conversando há alguns dias, mas que nada deve preocupar o torcedor daquilo que é o mais importante: os processos, procedimentos e a profissionalização do departamento de futebol. O Paulo nos ajudou muito nisso e essas questões não retrocederão jamais. Só avançarão para que possamos ter no departamento de futebol comprometido com aquilo que acreditamos que é a sua real profissionalização. Continuaremos avançando com Mano Menezes no comando técnico, William Thomas como executivo e toda equipe do departamento de futebol, respaldada pela direção do clube para que os avanços continuem. Nisso estamos trabalhando forte para que continuemos vencendo no Brasileirão — argumentou em pronunciamento Alessandro Barcellos.
Destaca-se internamente a boa relação construída com os dirigentes políticos por Autuori, mas também com William Thomas, executivo avalizado por Autuori, e Mano Menezes, que mantém proximidade com ele desde o final da década de 1990. Com o grupo de atletas, o ex-diretor técnico teve papel importante na costura da greve em junho, após atrasos no pagamento dos direitos de imagem.
Depois da mudança, o Conselho de Gestão passou a prospectar um novo profissional para a função. Dois nomes despontam com favoritos nas redes sociais: Abel Braga, que anunciou a aposentadoria como treinador, e Muricy Ramalho, que desempenha papel semelhante no São Paulo. Procurado por GZH, o Inter relata que não comentará sobre nomes publicamente. Os dois nomes são avaliados.
Há outra costura pendente no ambiente do Beira-Rio: a vice-presidência do futebol. Apesar de ser previsto no Estatuto do clube, há o entendimento que pela profissionalização não há necessidade. Pela alteração no cargo de diretor técnico, o tema poderá ser revisto. Não há prazos estipulados ou pressa para definições.