Demitido do Flamengo nesta quinta-feira (9), Paulo Sousa poderia estar no Beira-Rio. E a passagem do técnico português por Porto Alegre não foi impedida apenas pela decisão do clube carioca, que anunciou sua saída antes de enfrentar o Inter pelo Brasileirão, mas por que o profissional rejeitou uma proposta gaúcha para morar no Rio de Janeiro.
A história foi relembrada por Paulo Bracks, que até março deste ano atuou como diretor-executivo colorado. Em entrevista ao jornal O Dia, o profissional contou detalhes da negociação frustrada.
— Nós (Inter) procuramos o Paulo Sousa e seu estafe em dezembro, quando estávamos sem treinador (após a saída de Diego Aguirre). Chegamos a ter mais de uma reunião com os intermediários, Hugo e Bruno, e com o próprio Paulo, que ainda era o técnico da seleção da Polônia à época. Em uma reunião, ele estava lá, inclusive, após um jantar com o presidente da Federação. Segundo eles, a diretoria (da seleção) estava ciente, o que nos permitia a conversa. Não deu certo, e te digo o porquê: não estávamos na mesma sintonia e não tínhamos os mesmos valores. Nós avançamos até um ponto em que ficou claro que eles não estavam conversando somente conosco. Erraram ao nos subestimar. Estavam jogando. Conhecemos o mercado e não foi difícil saber a verdade. Eles já estavam conversando com o Flamengo, e pessoalmente, porque os diretores estavam lá em Portugal. Não iam (Marcos Braz e Bruno Spindel) voltar sem técnico e já tinham levado pelo menos um “não” por lá. E o Paulo já havia retornado pra Portugal. Soubemos de tudo passo a passo. O Flamengo estava no direito e interesse dele. E é do jogo. Zero problema. Agora, o cara que se diz profissional sentar pra conversar com você, com o presidente do seu clube, e fazer duas caras, é que não dá — desabafou Bracks.
A partir desta situação, o Inter fechou com o uruguaio Alexander Medina, que estava à frente do Talleres, da Argentina, e com quem o clube também havia iniciado conversas. No entanto, o tratamento dado por Paulo Sousa à diretoria colorada gerou a revolta de Bracks.
— Eles (treinador e empresários) estavam fazendo jogo duplo, falava com um e depois falava com o outro. E, imediatamente, quando soubemos disto levantamos da mesa. Não sem antes falar algumas verdades. O Paulo mesmo sumiu de uma hora pra outra. Até hoje. Pra mim, não foram éticos e não tiveram caráter. Longe disto. Agora, futebol dá voltas, às vezes rápidas demais — ironizou o ex-dirigente colorado.
Contratado pelo Inter em janeiro de 2020, Paulo Bracks atuou como diretor-executivo até março deste ano, quando foi desligado do cargo.