Apesar da derrota de 2 a 0 para o Atlético-MG, na estreia do Brasileirão, o Inter voltou de Belo Horizonte com a sensação de que teve bons momentos diante do atual campeão brasileiro. A avaliação positiva, feita tanto pelo técnico Alexander Medina quanto pelo vice de futebol Emílio Papaléo Zin, levou em conta, principalmente, a atuação no segundo tempo, quando a equipe teve um sistema tático diferente: o 3-5-2. O treinador uruguaio poderá ter nessa formação uma nova alternativa para a sequência da temporada.
Desde sua estreia no Inter, em 26 de janeiro, no 2 a 1 sobre o Juventude, pelo Gauchão, Alexander Medina teve o sistema 4-2-3-1 como base. Na fase ofensiva, porém, o time muitas vezes adotou o padrão de manter três jogadores atrás, dois volantes à frente deles e, depois, cinco atletas mais avançados perto da área adversária com a distribuição das peças dentro da estrutura do chamado ataque posicional, variando entre 3-2-4-1 ou 3-2-5.
Mais foi no segundo tempo do Mineirão a primeira vez que ele adotou uma formação com três zagueiros como sistema base, usando uma última linha de cinco homens na fase defensiva. Foi dessa forma que o Inter levou maior perigo ao Atlético-MG na etapa final em relação à inicial. Quatro das seis finalizações coloradas na partida — incluindo uma bola na trave de Edenilson — foram depois do intervalo, quando o time teve também uma maior posse de bola, de 53% contra 43% na primeira etapa.
— A entrada do Mercado como um terceiro zagueiro acrescentou. Ele ocupou melhor o espaço na defesa com dois zagueiros jovens (Bruno Méndez e Kaique Rocha) pelos lados para poder marcar a bola esticada para os atacantes. O time do Inter ficou bem composto com os três zagueiros e ajudou para o Edenilson ter uma maior liberdade para chegar ao ataque. É raro qualquer time jogar de igual para igual no Mineirão pelo momento que o Atlético vive, e o Inter, pelo menos em boa parte do segundo tempo, conseguiu fazer isso — observa o jornalista Rogério Corrêa, que narrou a partida para o canal Premiere.
Uma dúvida que surge para a manutenção desse sistema é que o Inter terá pela frente duas partidas no Beira-Rio. Na quinta-feira, irá receber o Guaireña-PAR, pela Sul-Americana, e terá no domingo o confronto com o Fortaleza, pelo Brasileiro.
Ex-jogador colorado e hoje treinador, Marcão atuou muita vezes ao longo da carreira em sistemas de três zagueiros. Ele ressalta que Medina pode montar uma equipe dessa forma, sem deixar de ser ofensivo nos jogos como mandante.
— Você não será defensivo por jogar com três zagueiros. Pelo contrário, você pode ter um time bastante ofensivo jogando em um 3-5-2 ou 3-4-3, por exemplo, mas os zagueiros de lado precisam sair jogando. Se eles não tiverem uma boa saída, mata o sistema porque os adversários vão deixá-los com a bola. É preciso que eles tenham a capacidade de condução da bola. Precisam atrair a marcação e gerar o que se chama atualmente do homem livre — cita Marcão, que comandou o São Joseense no último Paranaense.
Vitão pode jogar pelo lado esquerdo
Diante do Guaireña, Medina não deverá ter com Kaique Rocha, que deixou o jogo contra o Atlético-MG com dores na coxa direita. Como Cuesta está de saída ao Botafogo, o treinador terá de promover a estreia de Vitão ou escalar Moledo pela primeira vez na temporada caso queira montar um trio de zagueiros. Nenhum dos jogadores disponíveis é canhoto, mas Vitão afirmou em sua apresentação que se sente à vontade jogando pelo lado esquerdo.
— Sou destro, mas sou acostumado e gosto de jogar pela esquerda. Se for improvisado, também não tem problema. Estou aqui para ajudar — disse na última sexta-feira.
Mesmo que Medina opte por voltar para uma linha de quatro defensores, Marcão ressalta a importância de ter variações para as partidas seguintes.
— É importante o time variar. Pode ter essa opção de três zagueiros para o decorrer de um jogo, dependendo do que o adversário fizer ou para algumas partidas específicas. Com três zagueiros, você pode ter essa ofensividade liberando os laterais, mas também solidez defensiva em outros momentos. Voltando os laterais e os homens de lado, o time pode defender no 5-4-1, o que torna difícil para o adversário. É importante o treinador saber que pode variar, ter os jogadores preparados para isso — completa.
Ainda em busca da melhor formação e com peças para estrear, o Inter precisará vencer o Guaireña na quinta-feira para não se complicar na Sul-Americana. Depois, terá pela frente o compromisso difícil com o Fortaleza. No atual cenário colorado, vencer jogando em casa é a única forma para afastar as desconfianças sobre o trabalho de Alexander Medina.
AS OPÇÕES DE MEDINA
- Kaique Rocha
13 jogos (11 como titular) - Gabriel Mercado
5 jogos (3 como titular)
*Usado em três dos cinco jogos como lateral - Bruno Méndez
11 jogos (9 como titular)
*Usado em três dos 11 jogos como lateral - Vitão
*Ainda não estreou - Rodrigo Moledo
*Não joga desde janeiro de 2021
Passou por cirurgia no joelho direito