A partir deste sábado, começa no Inter uma espécie de segunda parte da temporada 2022. Com estreia de Mano Menezes, às 19h, diante do Fluminense, no Maracanã, será dada a largada para uma correção de rumo de um ano já acidentado. E ainda em abril. O jogo é válido pela terceira rodada do Brasileirão, competição na qual os colorados têm três pontos e pensam, antes de tudo, em passar longe de qualquer risco. Se possível, brigar por vagas em competições internacionais. Ao mesmo tempo, buscar recuperação imediata na Copa Sul-Americana.
Mas não é só a estreia do técnico que marca esse reinício de temporada colorada. Há pouco mais de 50 dias, o futebol tinha no comando Paulo Bracks como executivo e Cacique Medina no cargo de treinador, além de seus quatro auxiliares de confiança. Agora, a responsabilidade é dividida entre os novos diretores William Thomas (substituto de Bracks), Paulo Autuori (que assumiu o cargo de diretor técnico) e Mano Menezes, que trouxe apenas Sidnei Lobo.
Em campo também há novidades. Dois atletas contratados foram relacionados, e poderão estrear no Maracanã. Wanderson, atacante que atua preferencialmente pelas pontas, recuperou-se de lesão e deve até mesmo começar como titular. Vitão, zagueiro emprestado pelo Shakhtar Donetsk dentro da regra da Fifa que suspendeu contratos de jogadores do futebol ucraniano, também está à disposição. Assim, só faltarão receber oportunidades o atacante Pedro Henrique e o meia Alan Patrick, que ainda não estão em condições.
Especificamente para o jogo deste sábado, Mano Menezes não terá Taison, que se recupera de lesão, mas contará com os retornos de Edenilson e David, que não atuaram na semana passada (o atacante, aliás, não joga desde o Gre-Nal da semifinal do Gauchão).
O treinador chegou com discurso de simplificar o jogo, estruturar a equipe e crescer com o trabalho. A palavra ruptura, tão repetida pela direção colorada, ficou em um segundo momento. Por mais que não tenha sido dito publicamente, havia um temor real entre os dirigentes de que o time pudesse pegar o irretornável caminho do Z-4. Mano Menezes, neste sentido, seria uma espécie de "bola de segurança". Ele foi perguntado sobre o que o time briga no Brasileirão, e respondeu:
— Estou aqui porque o Inter enfrentou dificuldades. Há a interrupção de um trabalho e é contratado o treinador que o clube acha mais adequado. É impossível prever, com raras exceções, como vai ser o Campeonato Brasileiro. Ano passado tivemos um exemplo local para não esquecer. Penso que o Inter tem potencial de melhora, ainda com duas rodadas do Brasileiro, ninguém sabe como as coisas vão acontecer. Teremos um ano muito peculiar, com jogos muito próximos. Falo sempre que a partir da 10ª rodada as turmas começam a ser definidas, e é bom se aligeirar. Como queremos fazer parte da turma da frente, e entendemos que temos potencial e grupo para isso, acho que é a hora de focar no que queremos fazer.
Assim, montará o time de forma mais simples. Prometeu estruturar uma linha defensiva com quatro jogadores, fazer uma saída com três atletas, sendo os dois zagueiros e um lateral e evitar improvisar os atletas em posições diferentes daquelas que estão mais acostumados. Por isso, fica a curiosidade para saber o aproveitamento de Edenilson, por exemplo. O camisa 8 foi usado em basicamente todos os setores do meio-campo, de segundo volante a extrema pela direita. A tendência é de que comece como companheiro de Gabriel nas primeiras funções, liberando Wanderson para a ponta. David retorna ao comando de ataque, devolvendo Wesley Moraes ao banco de reservas.
O novo Inter começa de forma mais simples. A mudança "radical" que os dirigentes tanto prometeram ficam em segundo plano. Ficar na primeira divisão, trocar a perspectiva e, de repente, até mesmo recuperar espaço na América do Sul se impuseram no horizonte colorado. O medo de cair bateu mesmo. E Mano Menezes também ganhou a chance de reaparecer no futebol brasileiro. A partir deste sábado as respostas começarão a aparecer.