Na próxima semana, serão completados cinco anos desde que Víctor Cuesta chegou ao Inter. Contratado do Independiente com o cartaz de ter servido à seleção argentina, o zagueiro completou 264 jogos com a camisa colorada. É o quinto estrangeiro que mais atuou, atrás de D'Alessandro, Guinazú, Figueroa e Benítez.
Mesmo sem ter conquistado título relevante (o único troféu foi a Recopa Gaúcha de 2017), o zagueiro é uma referência do time. Além de ser um dos mais aplaudidos nas partidas do Beira-Rio, recebeu uma música especial que o chama de "El Patron" (que inclusive dá nome à grife que criou).
Nessa conversa com GZH, ele fez uma análise dessa meia década em Porto Alegre. Não descartou, inclusive, ficar pelo RS depois da carreira. Foi aqui que conheceu sua esposa, Sabrina Ventura, com quem casou em uma badalada festa na Serra no mês passado. Mas antes disso, pretende, enfim, levantar uma taça importante pelo clube. Ele falou também sobre as sondagens que recebeu, as parcerias na zaga e o trabalho de Medina.
Lembra como era a sensação há cinco anos, quando estava negociando?
Tinha a sensação de que estava prestes a iniciar um grande desafio. Vir da Argentina para atuar no Brasil, que é uma referência na América, exige muito do atleta. Isto que eu pensava, em poder viver o maior momento da carreira.
Você chegou ao Inter na Série B. O que percebe ter mudado no clube desde 2017?
Desde minha chegada, o clube mudou bastante, claro. Especialmente na questão de organização e estrutura, hoje de alto nível. Certamente vai avançar ainda mais.
O Inter bateu na trave duas vezes, com os vices da Copa do Brasil e do Brasileirão. O quanto incomoda, pressiona essa falta de títulos?
Batemos na trave duas vezes, infelizmente. A pressão é algo normal num clube gigante como o Inter, que deve sempre brigar por títulos. Este ano estamos trabalhando para ser competitivos novamente, chegar às decisões e vencer.
O clube e este grupo mereciam ter ganhado estes títulos, mas não conseguimos.
CUESTA
Zagueiro do Inter
Você conseguiu se consolidar como referência colorada mesmo sem as conquistas. A que atribui isso?
Acredito que pela questão do profissionalismo, sempre busquei colocar este valor em primeiro lugar e dar o meu melhor dentro de campo. E por, fora das quatro linhas, respeitar e defender o clube.
São 264 jogos, o quinto estrangeiro que mais atuou pelo Inter, atrás de D'Alessandro, Guinazú, Benítez e Figueroa. Superar D'Ale é difícil, mas pensa em passar pelos outros?
É uma marca muito significativa, ainda mais com uma camisa tão pesada como a do Inter. É uma honra e orgulho pra mim. Espero poder defendê-la por muitas mais jogos.
Qual é o momento que guarda com mais carinho dessa passagem até aqui?
Em específico, difícil citar apenas um, mas o reconhecimento que temos do torcedor e o respeito com o clube são conquistas que levo com muito carinho
Qual é o momento que não gostaria de ter vivido pelo Inter?
A perda das finais. Nossa convicção e nosso sentimento era de que estávamos preparados para vencer.
Foram nove treinadores (Antonio Carlos Zago, Guto Ferreira, Odair Hellmann, Zé Ricardo, Eduardo Coudet, Abel Braga, Miguel Ángel Ramírez, Diego Aguirre e Alexander Medina). Guarda alguma recordação especial de algum deles, alguma passagem que queira contar?
Todos ele me deixaram ensinamentos, cada um com sua filosofia. Com todos consegui adquirir algo que fez evoluir meu estilo de jogo. Estou com 33 anos, mas ainda continuo aprendendo. Este caminho da evolução profissional é contínuo.
O que já pode ser dito do trabalho de Medina? A amostragem é pequena, mas do que gostou em relação à zaga?
Gosto muito do esquema de jogo do Medina. Estamos jogando com as linhas mais altas e acreditamos que estamos fazendo um bom início de trabalho. E também sabemos que temos muito a evoluir.
Gosto muito do esquema de jogo do Medina. Estamos jogando com as linhas mais altas e acreditamos que estamos fazendo um bom início de trabalho. E também sabemos que temos muito a evoluir.
CUESTA
Zagueiro do Inter
Bruno Méndez tem sido o companheiro habitual. Kaique Rocha também apareceu. E há a recuperação de Moledo. O que cada um deles oferece como complemento para você?
São zagueiros de diferentes características e com todos tenho me adaptado bem. Agora apareceu o Kaique, que está fazendo grande jogos e tem um grande futuro pela frente. Também tem o Gabi Mercado, que pode jogar de zagueiro, nos conhecemos desde quando atuamos juntos pela Seleção Argentina. Todos têm condições de compor o sistema defensivo e corresponder.
Você recebeu sondagens para deixar o Inter ao final da temporada. Chegou a ter algo concreto? Pensou em sair?
Algumas sondagens e contatos, porque isso é normal do futebol. O mais importante, tanto pra mim quanto para o clube, foi chegar num acerto e renovar meu contrato. Eu gosto muito do Inter e quero vencer com esta camisa.
D'Alessandro veio para Porto Alegre e não foi mais embora. Guinazú também fixou-se. E Cuesta? Casou no Brasil, está fazendo cidadania brasileira, mora aqui há um tempo. Parece cedo, mas todos os jogadores dizem que depois dos 30 é inevitável pensar nisso, mas já pensa em ficar pelo RS mesmo depois do final da carreira? O que acha de Porto Alegre?
A ideia é ficar aqui em Porto Alegre, mas é difícil confirmar isso agora. Tenho muitos anos de carreira pela frente e o futebol é muito dinâmico. Num dia tu estás aqui, no outro podes estar em outra parte do mundo. Mas com certeza gostaria de ficar aqui, com minha esposa, que é daqui também. Gostamos muito da cidade e estamos bem adaptados.
Cuesta pelo Inter*
- 264 jogos
- 110 jogos defesa invicta (42%)
- 10 gols marcados
- 14 assistências
- 133 vitórias
- 67 empates
- 64 derrotas
- 59% aproveitamento
- Duas vezes melhor zagueiro do Brasileirão pela CBF - 2018/20
- Troféu Bola de Prata ESPN 2018
- Duas vezes melhor zagueiro do Gauchão - 2020/21
*fonte: TXT Sports