É basicamente a última chance para o Inter chegar à Libertadores de 2022. Na despedida do Beira-Rio, o time de Diego Aguirre recebe o Atlético-GO às 20h, em partida válida pela penúltima rodada do Brasileirão. Se não vencer, praticamente dará adeus a qualquer possibilidade de estar na principal competição do continente na próxima temporada.
Começa o dia dois pontos pontos atrás do América-MG, oitavo colocado. Para vaga direta, a situação é virtualmente impossível, uma vez que mesmo que tire diferença do Bragantino, terá de secar o Fluminense, que recebe a já rebaixada Chapecoense na partida derradeira.
Mas ir para a Libertadores, mesmo que seja nas fases preliminares, significa colocar nos cofres R$ 2,8 milhões apenas no primeiro mata-mata. Avançando, recebe mais R$ 3 milhões. Terá jogo decisivo para o futuro da temporada já na semana de 23 de fevereiro, data prevista para a partida de ida da eliminatória inicial.
A questão do calendário, porém, pouco difere, já que a vaga para a Libertadores retira o Inter das duas primeiras fases da Copa do Brasil. Fora da competição continental, joga o torneio nacional desde o início. Financeiramente, a compensação é inferior: recebe R$ 1,15 milhão. Se avançar, soma mais R$ 1,35 milhão.
A presença nessa competição permite também a companhia dos maiores clubes da América do Sul. Já estão confirmadas potências como Palmeiras, Atlético-MG, Flamengo, Corinthians, Athletico-PR, River Plate, Boca Juniors, Estudiantes, Peñarol, Nacional-URU, Nacional-COL, entre outros, como o Fortaleza, já garantido na fase de grupos.
Na Sul-Americana, ainda que haja grifes, como LDU e Independiente de Medellín, os demais concorrentes são mais inexpressivos. E, financeiramente, as premiações são inferiores. Na prática: a primeira fase desta competição paga 30% do valor da Libertadores pelo mesmo número de jogos.
Pesa também a sequência. Desde que voltou da Série B, em 2018, o Inter participou de todas as Libertadores: chegou às quartas em 2019 e caiu nas oitavas em 2020 e 2021. Analisando pelo outro lado, não conseguir classificação em um campeonato que ofereceu oito vagas simboliza uma temporada insuficiente, com queda precoce também na Copa do Brasil e apenas o vice-campeonato gaúcho.
Ao mesmo tempo em que fez um Brasileirão seguro, especialmente na comparação com o rival, teve apenas lampejos de brilho. E os dias mais recentes, de apenas nove pontos nos últimos 33 disputados, somados ao áudio do ex-coordenador de preparação física Paulo Paixão em que falava sobre as carências do grupo e especificamente de alguns jogadores, aumentaram ainda mais a pressão.
Isso tudo dificultou o objetivo da temporada, repetido diversas vezes por jogadores, comissão técnica e dirigentes. Com a classificação cada vez mais difícil, coube apenas analisar e torcer pelo melhor. Yuri Alberto, um dos maiores destaques da temporada, falou sobre a importância desse jogo. Aos canais do clube, analisou sua temporada e garantiu:
— Vamos seguir evoluindo para fazer um bom trabalho na temporada que vem.
O 2022 do Inter, para ter Libertadores, precisará, necessariamente, ter uma vitória no Beira-Rio nesta segunda-feira.
Despedidas
O jogo desta segunda-feira deve marcar também o fim de algumas eras no Beira-Rio. Diante do Atlético-GO, a partida, possivelmente, marcará as despedidas de Marcelo Lomba, Saravia e Diego Aguirre. Outros atletas, como Lindoso e Moisés, também podem dar adeus ao Inter.
Lomba disputará à noite sua partida de número 211 com a camisa colorada. Seu contrato termina no final de dezembro e não deve ser renovado. O clube pretende recuperar Daniel, ainda lesionado, e dar chances a Keiller, que estava na Chapecoense.
Os laterais Saravia e Moisés têm empréstimos encerrando agora. O direito vive uma situação mais complicada de permanência. Para contratar o argentino, o Inter precisa investir cerca de R$ 30 milhões, valor acima do que os cofres permitem. Sobre Moisés, seriam necessários R$ 3 milhões para adquirir mais 15% de seus direitos junto ao Bahia. Nesse caso, existe uma possibilidade de acordo envolvendo outros atletas. O volante Lindoso também ficará livre depois do Brasileirão e ainda não houve acordo para extensão.
O caso de Diego Aguirre é curioso. O treinador tem contrato até 2022, mas sua saída é dada como certa. Primeiro porque é o mais cotado para substituir Óscar Tabárez na seleção uruguaia. O convite, aliás, é aguardado para essa semana. Só que mesmo que isso não ocorra, Aguirre deve deixar o Beira-Rio. Há entendimento mútuo de que foi um trabalho seguro, de recuperação, que tirou o Inter da ameaça de rebaixamento e o colocou na parte de cima. Mas faltou gás para confirmar a vaga na Libertadores antes ou até sonhar mais alto.
Especificamente sobre a partida contra o Atlético-GO, há um mistério. Com todos os jogadores à disposição, Aguirre pode optar por manter uma formação mais ofensiva, tendo Edenilson como dupla de Dourado nas duas primeiras funções do meio-campo, o que permitiria formar um trio com Taison, Patrick e Palacios atrás de Yuri Alberto; ou voltar à formação com dois volantes mais fixos, no caso Lindoso e Dourado, soltando Edenilson para uma função mais avançada e completando com Patrick, Taison e Yuri Alberto.
— Tivemos uma boa semana de descanso para se preparar. Vamos focados para conseguir os três pontos — comentou Yuri Alberto.
O centroavante pediu, também, apoio dos colorados:
— Contamos com o torcedor, que dá uma motivação. Espero que seja uma bela segunda-feira.
No Atlético-GO, ainda resta uma esperança de vaga à Libertadores. Mas o objetivo principal já está cumprido.
— O clube completa seu terceiro ano na Série A. Isso é muito importante para o projeto e para o crescimento do clube. O objetivo era de manter na Série A e nós conseguimos — comemorou o técnico Marcelo Cabo.
Para o jogo, ele não terá o centroavante Zé Roberto, lesionado, que voltou para Goiânia após a vitória sobre a Chapecoense. Os meias João Paulo e André Luís, também lesionados, seguem fora.