Uma reviravolta na véspera de Natal mudou os planos do Inter na busca por um novo técnico. Sem acerto com o uruguaio Alexander "Cacique" Medina, a direção colorada avançou nas tratativas com o português Paulo Sousa, 51 anos, atual comandante da seleção da Polônia. Na segunda (27), uma reunião presencial com o treinador em Portugal deve sacramentar o acordo para um contrato de dois anos.
Paulo Sousa foi o primeiro nome procurado pelo Inter, há mais de duas semanas, antes mesmo da oficialização da saída de Diego Aguirre. Porém, o acerto com o Colorado ficou inviável após o Flamengo entrar no negócio e enviar uma comitiva a Portugal para fechar com o treinador.
Com muito menos poder econômico que os cariocas, o Inter decidiu não entrar em leilão e se virou para o mercado sul-americano, abrindo conversas com o uruguaio Alexander "Cacique" Medina, do Talleres-ARG, e com o argentino Eduardo Domínguez, do Colón-ARG. As tratativas com Medina evoluíram de forma satisfatória, e as partes ficaram próximos de um acordo. Até a última quinta (23), apenas uma pequena diferença salarial impedia o anúncio do uruguaio.
Reviravolta
Contudo, a mudança de planos do Flamengo provocou uma reviravolta. Em Portugal, os dirigentes cariocas vislumbraram a possibilidade de recontratar o técnico do Benfica, Jorge Jesus, ídolo do clube e "esfriaram" o negócio. Sem acerto com o Rubro-Negro, o estafe de Paulo Sousa decidiu então retomar as negociações com o Inter.
Enquanto negociava com Medina, a direção colorada enviou em sigilo na última segunda (20) uma proposta pelo português. Ao longo da semana, o treinador sinalizou de forma positiva e aceitou receber um salário inclusive inferior ao pedido por Medina. Desta forma, nesta quinta (31), a direção colorada decidiu marcar uma viagem a Lisboa.
Salário acessível
O Inter pretende pagar a Paulo Sousa aproximadamente 100 mil euros (R$ 650 mil) mensais. O valor é superior aos 70 mil euros que o português recebe na seleção da Polônia e inferior aos 140 mil euros pedidos por Cacique Medina.
Pela direção do Inter, as tratativas são conduzidas pelo diretor-executivo de futebol Paulo Bracks e pelo gerente de mercado Deive Bandeira. Já pelo lado do treinador fala o empresário português Hugo Cajuda, mesmo representante do técnico Abel Ferreira. O intermediário do negócio é o brasileiro Bruno Macedo, ligado ao empresário Giuliano Bertolucci, um dos principais do Brasil.
No projeto apresentado a Paulo Sousa, a direção colorada garantiu que, no primeiro ano, não haverá cobrança por grandes títulos. Em 2022, as metas serão a conquista do Gauchão e de uma vaga na Libertadores. O objetivo será brigar por troféus de nível nacional e internacional em 2023, quando o português já estará melhor ambientado ao Beira-Rio.
"Supercomissão"
Paulo Sousa pretende levar ao Inter uma "supercomissão" formada por seis profissionais além do treinador: os auxiliares Manuel Cordeiro e Victor Sanchez, os preparadores físicos António Gomez e Lluis Sala, o analista de desempenho Cosimo Cappagli e o preparador de goleiros Paulo Grilo.
Este pedido do treinador pode criar um dilema, já que o Colorado conta na sua comissão técnica permanente com o preparador de goleiros Daniel Pavan, considerado um dos melhores do Brasil na função. O Inter pretende anunciar Paulo Sousa e sua equipe entre segunda (27) e terça (28), após a reunião derradeira em Portugal.