A distância entre as séries D e A pode ser menor do que se imagina. Um clube precisa conquistar três acessos, mas com alguns gols um jogador pode dar esse salto em menos tempo. Em pouco mais de um ano, Alef Manga saiu da última divisão do futebol brasileiro para a elite nacional. O atacante é um dos jogadores observados pelo Inter para a próxima temporada.
Até a carreira de Alef mudar de rumo, ele teve alta quilometragem pelo mundo da bola. Cria da base do Santos, chegou a treinar com Gabigol e Neymar, mas não teve atalho até o estrelato. Rodou por Bandeirante, Jabaquara, Cascavel, Maringá, Oliveirense, de Portugal, e ASA. E nada de engrenar na carreira.
Em 2020, defendeu o Resende. Ainda não foi no clube do interior do Rio de Janeiro que o sucesso foi alcançado. Após algumas partidas, teve como destino o Coruripe, que disputava a Série D do Brasileirão. Os alagoanos foram apenas uma ponte para começar a galgar degraus mais altos.
Ainda nos tempos de Resende, sua atuação chamou atenção do Volta Redonda durante um jogo-treino. Depois de poucos jogos no Hulk Praiano, Alef fechou com o Voltaço. Mais do que assinar um novo contrato, ele estava fechando um acordo com o sucesso.
— É um jogador de bastante recurso. Se destacou muito aqui. Não só o Goiás queria contratá-lo. É jogador de beirada. O Inter tem usado o Patrick pelo lado esquerdo, acho que o Alef se encaixaria bem por ali — analisa Elson, ex-volante colorado nos anos 1990, morador de Volta Redonda e que acompanha as partidas da equipe da cidade.
O ex-meio-campista enfatiza que apesar de ter 1m90cm, Alef rende mais pelos lados do que por dentro. De costas para o gol, segundo Elson, o desempenho não é tão elevado. Seja por sua verticalidade quando tem a bola no pé, seja pela presença na área quando a jogada se desenvolve pelo outro lado, o alvo colorado sempre está nos arredores do gol adversário.
Pelo Volta, foi o artilheiro do Campeonato Carioca deste ano com nove gols, um a mais do que Gabigol. Sua agressividade chamou atenção do Goiás para a disputa da Série B. Foram 10 gols no torneio, o segundo lugar na tabela, acesso ao Brasileirão e o interesse de clubes de mais tradição. Muito em tão pouco tempo.
— Até uns meses atrás, eu estava no Coruripe e agora estou no Goiás. Vou jogar uma Série A. A ficha ainda não caiu — comentou Alef, em entrevista ao ge.com.
Alef não é só gols e dribles. Também é entretenimento. Irreverente, ele ganha destaque quando fala. Nem sempre pelo lado positivo. Quando chegou ao Goiás, disse que esperava ir bem para, depois, jogar em um grande clube. A torcida esmeraldina ficou “verde” de raiva.
Com gols e explicações, a relação ficou boa entre todos. O Goiás tinha encaminhado a compra de 50% dos direitos do atacante. Dificuldades financeiras fizeram os planos serem modificados, e a direção abriu mão da renovação. Agora, o meteoro Alef Manga pode cair no Beira-Rio.