É como se existissem dois Inter no Brasileirão. No Beira-Rio, um time invicto há 12 jogos, que não toma conhecimento dos adversários e, na pior das hipóteses, busca um empate. Longe de casa, uma equipe que não vence e, no melhor cenário, consegue segurar um pontinho como visitante.
São quatro derrotas seguidas como visitante: Palmeiras, São Paulo, Juventude e Cuiabá. A última vitória fora de casa foi diante do Sport, e já se vão mais de dois meses. Era 13 de setembro quando Patrick fez o gol que garantiu o 1 a 0 na Ilha do Retiro.
Enquanto isso, no Beira-Rio, os números são bem diferentes. O Inter carrega uma invencibilidade de 12 jogos, com oito vitórias e quatro empates, são 60% de aproveitamento. Nesta sequência, teve inclusive a vitória no Gre-Nal.
— Parecemos times diferentes em casa e fora. A postura não é a mesma, a intensidade não é a mesma. Não deveria acontecer, mas está acontecendo. Teremos este jogo em casa com o Flamengo e depois vamos ao Rio contra o Fluminense no confronto direto. Se não ganhamos fora, será difícil conseguir o objetivo. Também estou preocupado. Estamos bem em casa, e temos a ilusão de que vamos repetir o desempenho fora, mas o time parece outro — disse o técnico Diego Aguirre após a derrota para o Cuiabá.
Ganhar fora de casa é o que separa o Inter de voos maiores. Nas últimas três temporadas, a equipe fez campanhas inferiores aos concorrentes diretos na briga pelos objetivos e isso interferiu no resultado final. No último Brasileirão, por exemplo, quando obteve sua maior pontuação longe de casa, conquistou cinco pontos a menos do que o Flamengo, e perdeu o campeonato por um.
Agora há outro fator importante. Há pouco mais de um mês, os estádios brasileiros voltaram a receber público. E desde que os torcedores reencontraram as arquibancadas, o Inter não perdeu como mandante nem venceu como visitante. O presidente Alessandro Barcellos até comentou isso na última coletiva que concedeu, após o Gre-Nal:
— A torcida fez a diferença nesse jogo. É o mesmo que sentimos nos jogos fora, em outros Estados com percentual maior do que aqui, que a torcida adversária faz diferença.
Agora, o Beira-Rio também estará cheio. Já a partir de sábado à noite, diante do Flamengo, poderá contar com 100% de público. A arquibancada lotada é uma aliada do Inter, citada por Diego Aguirre desde o momento de sua chegada, quando ainda era proibido o acesso do público.
Faltam três jogos em Porto Alegre — Flamengo, Santos e Atlético-GO — e dois fora — Fluminense e Bragantino. Será preciso manter o aproveitamento de mandante e buscar pontos longe de casa (até porque os dois podem ser concorrentes pela vaga) para garantir lugar na Libertadores do próximo ano.