Em 2020, o técnico Eduardo Coudet sentenciou: “O grupo do Inter é curto”. A crítica do argentino dizia respeito às poucas alternativas que o elenco colorado lhe entregava para brigar pelo título brasileiro. Um ano depois, o debate volta à pauta.
Ao enfrentar desfalques por lesões ou suspensões, o atual comandante Diego Aguirre tem quebrado a cabeça para escalar o time a cada rodada. Questionado sobre a escassez de jogadores no Beira-Rio, após a derrota para o São Paulo, no Morumbi, no domingo (31), o uruguaio declarou que sua opinião só seria ouvida internamente, pelos dirigentes.
Diante da situação, a pergunta foi feita a três colunistas de GZH: afinal, o grupo do Inter é curto?
Filipe Gamba
Em um ambiente marcado por melindres, Eduardo Coudet foi execrado por dizer o óbvio, quando constatou em 2020 que o elenco do Inter era curto. O futebol não está preparado para lidar com verdades, há um velado código de conduta que não tolera quando assuntos internos são tornados públicos. E esse foi um grande erro. Não do Coudet, mas do Inter. A direção deu mais atenção à forma do que ao conteúdo da constatação feita pelo atual treinador do Celta de Vigo. Coudet fez uma crítica construtiva que deveria ter sido ouvida por Alessandro Barcellos, afinal o presidente também integrou a gestão anterior. O Inter possui um elenco curto e esse é o principal motivo pelo qual o clube atingiu o seu limite no Brasileirão. O time de Aguirre bateu no teto. O consolo é contentar-se com vaga na Libertadores. Quem sabe na montagem para 2022 os ensinamentos de Coudet sejam compreendidos.
Mauricio Saraiva
Esta resposta precisa ser relativizada. Este mesmo grupo, sem Taison, foi vice-campeão brasileiro de 2020 perdendo o título na última rodada. Logo, pode jogar mais do que vem jogando e só seria considerado curto se comparado aos elencos de Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG. Logo, não é um grupo tão curto que possa ser usado como explicação para, por exemplo, não alcançar vaga direta para a Libertadores 2022.
Luciano Périco
É curto! Duas amostragem recentes confirmam. A primeira foi o fato do Inter ter apenas quatro jogadores de linha no banco de reservas contra o São Paulo. Para um clube da grandeza do Colorado, é algo difícil de explicar, mesmo com lesões e suspensões. Outro detalhe que vale ser analisado é a situação de Yuri Alberto. Hoje, o atacante é o único na função. Guerrero e Thiago Galhardo foram embora. Cadorini e Vinícius Mello estão lesionados. Até por isso se explica a opção de poupar o camisa 11 no Morumbi, já pensando no Gre-Nal. A campanha do Inter no Brasileirão, quase sempre rodando a zona da vaga indireta da Libertadores, é o retrato do que o atual grupo pode alcançar. Nem título, nem rebaixamento. Uma campanha de coadjuvante.