O Inter entrou de cabeça na semana Gre-Nal 434. Agora, de forma oficial. É verdade que a partida agendada para o próximo sábado (6), no Beira-Rio, valerá os mesmos três pontos que o Colorado deixou de conquistar nas últimas quatro rodadas, pondo em risco sua permanência no G-6 do Brasileirão. Entretanto, o clássico ganhou ares de decisão devido à situação vivida pelo tradicional rival.
No pensamento de quem senta na arquibancada — e até de algumas pessoas que circulam nos bastidores do clube —, a luta por uma vaga na Libertadores ganhará um plus, já que uma eventual vitória poderá aumentar a crise no Grêmio, que se vê cada vez mais mergulhado no Z-4, ocupando o penúltimo lugar na tabela de classificação.
— Clássicos sempre são especiais. A única coisa que tenho para falar é que, para nós, vai ser um jogo muito importante e vamos tentar dar alegria para a nossa torcida. Imagino que vai dar tudo certo, que não vai ter nenhum problema extracampo e a torcida vai poder desfrutar do jogo. Tem que tirar um pouco do trauma. Vamos trabalhar durante a semana, para fazer um bom jogo domingo. Do Grêmio, não tenho nada para falar — avaliou o técnico Diego Aguirre, ainda no Morumbi.
Embora tenha sido político em sua manifestação, o uruguaio conhece o peso da rivalidade. De sua primeira passagem por Porto Alegre, em 2015, até o retorno nesta temporada, o treinador disputou quatro Gre-Nais e não perdeu nenhum.
Por isso, mesmo que tenha se esforçado para explicar tantas ausências no time que escalou na última rodada, o treinador não escondeu a importância de ter quase que força máxima para o desafio do fim de semana.
— Torcemos que esta estratégia de poupar jogadores contra o São Paulo venha a fazer a diferença. No futebol, não existe o “se”. Eu, particularmente, não teria poupado. Mas, cada um tem uma visão. Acredito que o Inter tem a faca e o queijo para afundar o Grêmio. E se o torcedor pudesse escolher entre a vaga na Libertadores ou vencer o Grêmio, pelo que se fez em São Paulo e muitos torcedores concordaram, a preocupação é afundar o Grêmio. Mas vamos acreditar que o Inter vai ajudar a si próprio e colocar o Grêmio em uma situação ainda mais delicada — comenta o ex-meia Daniel Carvalho.
Gangorra
Revelado no Beira-Rio, o ex-jogador colorado sabe do que está falando. No imaginário do futebol gaúcho, a figura da gangorra é comumente utilizada para ilustrar a superioridade de um clube sobre o outro em determinado momento da história. Foi assim que a geração de Falcão e Valdomiro fez o Inter soberano nos anos 1970, bem como o Grêmio comandado por Felipão devolveu na mesma moeda um martírio que atravessaria quase uma década.
Foi um gol de Daniel Carvalho, em 2003, que promoveu não apenas a virada no placar, em partida válida pelo Gauchão daquele ano, em pleno Estádio Olímpico, como interrompeu uma série de 13 jogos sem vitórias coloradas sobre o maior rival, invertendo os polos da gangorra. Desta vez, a seca não é tão grande assim. Porém, nos últimos cinco anos, os tricolores se regozijaram com conquistas estaduais e até continentais, enquanto os colorados contavam nos dedos de uma mão os clássicos vencidos.
Acredito que o Inter tem a faca e o queijo para afundar o Grêmio
DANIEL CARVALHO
ex-meia do colorado
No vestiário vermelho, inclusive, há muitos atletas que sentiram na pele o castigo tricolor destes últimos anos. Agora, surge a oportunidade de dar o troco, contra um adversário cambaleante e que tem apresentado doses cavalares de desequilíbrio psicológico. Porém, ninguém espere facilidade.
— Mesmo com o Grêmio bastante fragilizado, em um mau momento, a gente sabe que Gre-Nal é um jogo totalmente diferente e, nos últimos Gre-Nais, o Inter não tem conseguido se sobressair. Podemos dizer que é um jogo à parte do campeonato, mas o Inter, dos últimos 12 pontos, conquistou só dois. Para quem quer chegar na Libertadores, isso é preocupante. O time vem deixando a desejar e, por isso, acho que é uma responsabilidade para os dois lados — projeta o ex-meia colorado.
O recado está dado: em uma semana de Gre-Nal, é preciso muita cautela. Ainda mais, em se tratando de um clássico que pode decretar uma nova virada de gangorra.