O futebol de verdade, aquele com público, barulho, tambores, aplausos e vaias, pipoca e refri, avós, pais e filhos, amigos e desconhecidos rumando para o mesmo lugar, voltou para os colorados de uma forma que nem o mais otimista imaginava. As únicas diferenças eram o distanciamento, por causa da limitação de 30% da capacidade de público, o uso de máscaras e o fato de não poder abraçar desconhecidos. E teriam sido muitos. O Inter aplicou 5 a 2 na Chapecoense, pela 25ª rodada do Brasileirão, com três gols de Yuri Alberto, um de Taison e outro de Matheus Cadorini.
Desde o início da manhã, era possível ver os colorados caminhando em direção ao estádio. Pudera, foram 581 dias sem poder ocupar as arquibancadas. E após as confraternizações, fez bem quem entrou cedo no estádio. Porque o Inter de Aguirre lembrou aquele de 2015. Teve um início arrasador, abriu 4 a 0 no primeiro tempo (só não foi cinco porque um acabou anulado no VAR), reduziu o ritmo no segundo e terminou com uma grande vitória. Com o resultado, subiu para a sétima posição, com 36 pontos, um a menos do que o Corinthians, primeiro integrante do grupo que se classifica à Libertadores de 2022. Os paulistas têm um jogo a mais.
Havia um certo ranço da torcida com alguns jogadores. Moisés e Patrick entre os titulares, Zé Gabriel no banco. Eles foram vaiados, entre timidos aplausos, quando tiveram os nomes anunciados nos alto-falantes. Patrick, antes do jogo, até teve o nome gritado pelos colorados, diga-se. Mas pareceu mais uma ação de momento, a maioria estava contrariada — e, o campo mostraria, errada. Na outra extremidade, Taison herdou o posto de D'Alessandro como o mais aplaudido. Daniel, Bruno Méndez e Yuri Alberto também receberam gritos entusiasmados — e, o campo mostraria, eles estavam certos.
— Voltar para o Beira-Rio com os colorados é outra coisa. Teve uma conexão entre jogadores e torcida, fizemos um grande jogo. Fiquei muito emocionado, foi um momento especial — comentou o técnico Diego Aguirre.
Ninguém ficou mais conectado com o público do que Yuri Alberto. "O Yuri vem aí e o bicho vai pegar", canção que ouviu antes do apito inicial, foi praticamente uma premonição. Em um tempo conseguiu marcar quatro vezes (uma anulada), levou a bola para casa, pediu música no Fantástico e, quando estava no banco, foi flagrado cantando as músicas da torcida. Depois, parou para tirar foto com os colorados na mureta ao lado do túnel. Na entrevista que concedeu no intervalo, brincou sobre as comemorações dos três gols:
— Para falar a verdade, treinei uma só. Estou feliz demais, essa torcida é maravilhosa.
Taison também estava emocionado:
— Quero agradecer ao carinho de vocês por mim. Juntos somos bem mais fortes. Espero vocês na quarta-feira.
O capitão também teve seu momento de análise. Veio dele, espontaneamente, primeiro o apoio ao árbitro Rodrigo Crivellaro, agredido por Willian Ribeiro, jogador do São Paulo-RG em jogo da Série A2 na semana passada. Depois, uma auto-crítica por ter levado dois gols depois de abrir 5 a 0. Algo que Diego Aguirre também abordou:
— O primeiro tempo foi excelente, espetacular, um dos nossos melhores jogos talvez. Não deveria ocorrer (ter levado os gols), mas quando o jogo está ganho, pode perder foco, e aí comete erros. São coisas que vamos trabalhar.
E ainda teve Matheus Cadorini. Goleador da base, o centroavante do sub-20 recebeu oportunidade e não desperdiçou. Marcou um golaço de cabeça e foi bastante participativo nos 45 minutos em que esteve em campo.
— Ele aproveitou a oportunidade. E quero valorizar o trabalho da base. Toda semana chamamos alguns meninos para conviver com os jogadores de cima, até para entrosamento. O Julinho (Camargo, coordenador da transição entre base e profissional) nos disse que ele era muito bom — finalizou Aguirre.
Na quarta-feira, os colorados têm chance de ingressar definitivamente no G-6. Para isso, precisam vencer o América-MG e torcer para que Corinthians ou Bragantino não vençam na rodada.