A vitória sobre o Juventude, no último domingo (18), pelo Brasileirão, serviu para colocar uma dúvida nas cabeças de torcedores e jornalistas — se é que não fez o mesmo com o técnico Diego Aguirre.
Depois de um primeiro tempo em que dominou o adversário, mas não conseguiu balançar as redes, o Inter sofreu duas alterações no intervalo da partida: Caio Vidal e Patrick deixaram a equipe, sendo substituídos por Carlos Palacios e Mauricio, respectivamente.
O que se viu foi uma efetividade maior do ataque, incluindo o gol que rendeu os três pontos. Com 45 minutos de amostragem para cada um deles, fica mais fácil comparar a atuação dos quatro (ver quadro abaixo) e, inevitavelmente, surge a pergunta: a briga pelas pontas do ataque colorado está em aberto?
— Caio Vidal e Patrick defendem mais, voltam para marcar e puxam a transição. Tecnicamente, não são melhores do que Palacios e Mauricio, que trazem outras características. Palacios é um jogador mais criativo que, no Unión Española, era mais um armador pelo lado direito. O Caio chega mais ao fundo, vai para o um contra um. O Patrick é um jogador de muita força, que busca o enfrentamento mano a mano e o Mauricio traz uma dinâmica maior, uma liberdade de movimentação, se aproximando dos meias e volantes. Inclusive, na seleção sub-20, entrava mais na área e finalizava bastante. Então, talvez este seja o dilema do Aguirre: perder a competitividade defensiva, ganhando em criatividade ofensiva, ou seguir dentro de seu modelo tradicional, buscando as transições — avalia Gabriel Corrêa, analista de desempenho do Footure.
Único ponteiro de origem, Caio Vidal iniciou a partida aberto pelo lado direito. De concreto, entregou muito pouco. Segundo o site de estatísticas SofaScore, tocou na bola apenas sete vezes e foi responsável por uma única finalização, para fora. Já Palacios adotou um outro comportamento.
Ao invés de buscar a linha de fundo, o chileno recuou para o meio e auxiliou na construção das jogadas. Assim, inclusive, acionou Heitor para o cruzamento que daria origem ao gol de Thiago Galhardo. Dentre todos eles, foi quem distribuiu o maior número de passes, com alto índice de acerto (94,1%), e acertou os três cruzamentos que executou. Depois, com a entrada de Yuri Alberto, passou para o lado oposto do campo.
Patrick, por sua vez, teve mais uma atuação discreta como extrema-esquerdo. Apesar de ter tocado mais vezes na bola (25 vezes), foi também quem mais acabou desarmado pelos adversários (oito perdas de posse), sem ter dado um único chute a gol. Mauricio, que entrou pela mesma banda, repetiu a movimentação de Palacios e carregava a bola pelo meio para ser mais um jogador de criação. Depois, quando Yuri Alberto ingressou, ele de fato foi posicionado como um meia por dentro e, assim, nos acréscimos, concluiu contra o goleiro Marcelo Carné.
— Acho que o Inter não tem que ter pontas. Pontas driblam, cortam para dentro ou para fora e fazem assistência. Esses jogadores não existem no Inter atual. Então, eu iria com um 4-2-3-1, com Taison em um canto e Maurício em outro. Patrick está esgotado fisicamente. E juro que tentaria jogar com Palacios um pouco mais por dentro. Aparentemente ele pode render por ali e, quando o fez, não foi mal — opina Luciano Potter, representante colorado no programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha.
Esta é uma resposta que começará a ser respondida por Aguirre nesta quinta-feira (22), quando o Colorado decide uma vaga às quartas de final da Libertadores com o Olimpia.
Comparação entre as estatísticas dos jogadores diante do Juventude:
Caio Vidal x Palacios
Finalização: 1 (para fora) / 1 (bloqueado)
Drible: Nenhum / 1
Toques na bola: 19 / 31
Passes: 7 (63,6% de acerto) / 16 (94,1%)
Cruzamentos: 1 (errado) / 3 (todos certos)
Lançamentos: 1 (errado) / Nenhum
Perda de posse: 6/ 4
Patrick x Mauricio
Finalização: Nenhuma / 1 (no gol)
Drible: Nenhum / 1
Toques na bola: 25 / 19
Passes: 13 (86,7% de acerto) / 11 (84,6%)
Cruzamentos: 3 (1 certo) / Nenhum
Lançamentos: Nenhum / 2 (1 certo)
Perda de posse: 8/ 3