A vaga para as oitavas de final da Copa do Brasil está bem encaminhada pelo Inter. Na Bahia, o time gaúcho venceu o Vitória por 1 a 0, gol de Thiago Galhardo, de pênalti, e agora só depende de um empate, no Beira-Rio, na quinta-feira que vem, para avançar. Antes dessa partida, porém, terá o Fortaleza, no Ceará, pelo Brasileirão. Mas para além da vantagem, a vitória em Salvador veio acompanhada de mudanças no time e atuação criticada no primeiro tempo mas elogiada no segundo.
Sobre o jogo especificamente, antes de análises mais amplas, é consenso de que o primeiro tempo do Inter foi mais burocrático, com passes laterais em excesso e pouca verticalidade. Segundo o técnico Miguel Ángel Ramírez, isso ocorreu porque o Vitória teve recomposições velozes e fechou os espaços dificultando inclusive os arremates de longe. Na segunda etapa, com mais espaço, esse recurso apareceu mais frequentemente. Taison, de atuação destacada, recebeu palavras positivias do treinador, especialmente por suas tentativas e sua capacidade de compreensão do sistema e dos espaços.
Galhardo, que entrou no segundo tempo e foi decisivo, sofrendo o pênalti e convertendo, respondeu sobre a vitória e sobre o gol:
— Fico feliz por ter ajudado a equipe. O professor sempre diz que temos de estar prontos. E também fico feliz de ter visto o Boschilia voltando depois de tanto tempo, e o Saravia também. Dedico o gol ao meu ídolo Romário, a quem encontrei essa semana, tenho muito carinho por ele e pela família.
Curiosidade de encontros à parte, a partida marcou uma série de mudanças. A começar pelo gol. Daniel, enfim, teve uma chance entre os titulares. E não desperdiçou: nas poucas vezes em que foi exigido, fez boas defesas. E com os pés deu passes precisos e seguros. Ramírez, perguntado sobre o tema, declarou:
— Marcelo Lomba é um profissional dedicado, de um profissionalismo ímpar. Por isso, não é simples trocá-lo. Danilo infelizmente se machucou, está se recuperando. Daniel vem mostrando uma evolução muito grande e sabia que teria sua oportunidade. O goleiro é parte importante da nossa construção e temos uma relação estreita com eles.
Outra mudança igualmente pedida era a entrada de Johnny, como uma opção para a primeira função do meio-campo. O volante, se não chegou a brilhar, ao menos não cometeu erros graves e tentou, quando possível, ser mais vertical. Além dele, o time terminou o jogo com Lucas Ramos e Lucas Mazetti.
— Utilizo essa expressão de "não jogá-los aos leões" porque temos muitos jovens e temos de ter paciência com eles. Não têm as ferramentas para suportar a pressão exagerada que sofrem. Precisam estar protegidos para ter segurança. Foi o que ocorreu com Johnny, que estava cercado por Taison, Cuesta, Edenilson. Fiquei feliz pelo rendimento e vejo que está pronto para ser o volante — disse o treinador.
A questão física também voltou a aparecer. Desta vez, porém, com outro cenário. O Inter não sofreu desgaste na parte final do jogo e quase não foi pressionado. Apesar disso, Ramírez fez uma análise mais ampla sobre sua equipe e também sobre o calendário brasileiro:
— Esse time vinha de uma série de partidas seguidas no final da temporada, no qual já vinha dando sinais de esgotamento. Daí veio uma paralisação, que não serve nem para descansar nem para recuperar. E já entramos direto em período de futebol, sem pré-temporada. Isso é uma cultura do país. E acaba refletindo no campo, o ritmo fica muito abaixo. Assisti à parte final do Brasileirão no ano passado e todos estavam esgotados. Isso é ruim para o espetáculo.
A temporada recém está começando. O que significa que o Inter precisará se adaptar de alguma forma, já que estão previstos jogos para meio e final de semana pelos próximos meses. Nesta sexta mesmo, depois de treinar pela manhã, a delegação permanece no Nordeste, para enfrentar o Fortaleza. Depois, retorna ao Rio Grande do Sul para receber o Vitória no jogo da volta da Copa do Brasil. E volta a cruzar o Brasil para pegar o Bahia no outro domingo.
Os treinos serão vídeos, e os descansos, as poltronas dos aviões.