Tão logo o árbitro Paulo Roberto Alves Júnior apitou o fim da partida entre Inter e Fortaleza, neste domingo (6) de segunda rodada do Brasileirão, o técnico Miguel Ángel Ramírez se direcionou ao túnel de acesso aos vestiários da Arena Castelão. Não esperou seus atletas nem falou com os colegas. Em um movimento rápido, pegou um pedaço de papel com anotações do bolso, baixou a cabeça e seguiu o percurso encarando os próprios passos.
Desde o início do segundo tempo, quando Yago Pikachu ampliou a vantagem para 3 a 0, o espanhol começou a sua maratona. Se estivesse com GPS, aqueles utilizados pelos jogadores para marcar a distância percorrida durante o jogo, certeza que o espanhol teria registrado uma boa marca na curta distância que existe entre uma ponta e outra da área técnica.
Foi assim que viu o quarto gol do Fortaleza. Uma falta para o Inter no meio-campo e quando ele ainda passava as orientações para seus jogadores, um contra-ataque rápido do tricolor cearense deixou Robson no mano a mano com Cuesta. O atacante driblou o marcador e chutou cruzado. A bola ia para fora, mas Zé Gabriel tentou cortar, e ela acabou morrendo no fundo do gol.
Nem mesmo o gol marcado por Praxedes animou o treinador, que seguia correndo de um lado para o outro. Em alguns momentos, se agachava e tentava observar ao nível do gramado o que estava acontecendo. Incrédulo, as mãos coçavam a cabeça em busca de novas ideias. Entretanto, a derrota já estava decretada.
Pouco tempo antes do fim da partida, o golpe final. Aos 41 minutos do segundo tempo, quando Wellington Paulista marcou o gol que sacramentou a maior goleada sofrida pelo Inter no Brasileirão desde o Gre-Nal de 2015, o treinador parecia ter desistido da partida. Sabia que não teria mais forças e ideias para diminuir o vexame. Se tivesse como, talvez Ramírez tivesse caído no chão. Mas não. Pegou uma garrafa de água, bebeu um gole, e apenas aguardou o apito final.
Na entrevista coletiva, o abatimento ficou ainda mais visível. O treinador falou depois dos esclarecimentos e do respaldo garantido pelo vice-presidente João Patrício Herrmann. Com um claro incômodo de quem passou por sua maior vergonha na curta carreira como treinador, Ramírez respondeu os questionamentos, negou ter problemas com o elenco e não conseguiu finalizar suas palavras por conta do sinal de internet que forçou o término da entrevista virtual no vestiário do Castelão.