Assim como na fase classificatória do Gauchão, quando foi vencido na Arena por 1 a 0, o Inter amargou uma nova derrota em Gre-Nal com gol sofrido nos minutos finais. Desta vez, porém, o tropeço se torna ainda mais dolorido para os colorados, por ter sido de virada, por 2 a 1, dentro do Beira-Rio, deixando o time em desvantagem na busca pelo título estadual.
Ainda assim, algumas situações se repetiram, como o desabafo na saída de campo. A exemplo do que já havia feito Rodrigo Dourado em abril, na casa tricolor, agora foi Edenilson quem não conseguiu esconder a insatisfação com atuação coletiva da equipe, principalmente no segundo tempo.
— Clássico é assim. É no detalhe. Tem horas que temos que reconhecer que o adversário está melhor na partida e baixar as linhas. Faltou um pouco de inteligência. Nem sempre temos que jogar expostos — declarou o camisa 8, autor da assistência para Thiago Galhardo abrir o placar antes do intervalo.
Mais comedido, o técnico Miguel Ángel Ramírez creditou como "cabeça quente" a declaração de seu volante. Depois de ver seus comandados serem superados na bola aérea — primeiro por Diego Souza, depois pelo jovem Ricardinho —, o espanhol justificou os espaços cedidos ao Grêmio pelo cansaço e à sequência de jogos.
— Obviamente, pesam as pernas nos últimos minutos e não podemos substituir todos os jogadores. Jogar tão seguido te pesa as pernas e a cabeça. Mas também é um espírito de querer ir adiante e não pensar que temos que guardar nada, porque é um jogo eliminatório e sabíamos que teríamos de marcar gols. Quando goleamos, elogiavam o Inter pela maneira como buscava o segundo e o terceiro gol. Hoje (domingo) fizemos isso também. Então, há dias que se converte e, nas últimas duas partidas, aconteceu o contrário. Às vezes, a bola entra. Em outras, bate na trave — analisou.
O problema é exatamente este. A derrota sofrida para o tradicional adversário está entrelaçada ao insucesso trazido da Venezuela, na última semana, quando o Inter foi derrotado pelo mesmo placar, pelo Deportivo Táchira, após uma queda brusca de rendimento na etapa complementar. Assim, o Colorado se obrigará a viver sua semana mais decisiva desta temporada.
Na quinta-feira (20), visitará o Olimpia, precisando pontuar para seguir vivo na briga pela classificação às oitavas de final do torneio continental. Três dias depois, o desafio é ainda maior: vencer o Tricolor na Arena, nem que seja por um gol de diferença, para levar a decisão estadual para os pênaltis.
— Tenho que escolher bem meus pensamentos. Posso pensar nas duas derrotas seguidas, ou pensar de uma maneira mais propositiva e dizer: temos uma partida de volta (contra o Grêmio) e, com 1 a 0, igualamos a eliminatória, e nos faltam dois jogos na Libertadores em que dependemos de nós mesmos. Prefiro pensar nisso, pois me dá energia e confiança. E é isso que vamos transmitir aos jogadores — pontuou Ramírez.
Sem mudança de rota
Para encarar estes desafios, o comandante colorado promete não promover grandes alterações na equipe. Caso alguém seja colocado no banco de reservas na capital paraguaia, será porque apresentou um desgaste físico maior. Inclusive, saiu em defesa do zagueiro Zé Gabriel, um dos mais criticados pela torcida pelo vazamento da defesa.
— Creio que esse juízo é errôneo e injusto. Não é ele quem está cometendo mais erros. Eu vi todo o último jogo de novo e digo que ele está tendo um rendimento positivo. Além disso, tenho a informação do dia a dia, do treinamento e da capacidade de compreensão do que estamos pedindo e quem está desempenhando melhor é o Zé Gabriel. Eu sei as razões porque ele está jogando — explicou ele.
O mesmo se pode dizer quanto às avalições sobre o trabalho do próprio treinador. Apesar da nova derrota no Gre-Nal e da campanha abaixo do esperado na Libertadores, o espanhol segue prestigiado junto à direção.
— Estamos muito seguros do que estamos fazendo e muito convictos do que estamos rascunhando para os próximos campeonatos que não começaram. Em absoluto, teremos mudanças radicais. Essa ruptura, já tivemos e estamos trabalhando para dar tranquilidade e buscar nossos objetivos do ano — disse o diretor-executivo Paulo Bracks, que descartou novas contratações de imediato — O reforço que nós teremos está ali dentro do vestiário, dentro do CT, e é com este grupo que vamos enfrentar os jogos decisivos — finalizou.
Sem dúvidas, o Inter vive o momento mais delicado deste início de temporada. Os próximos dias apontarão se o planejamento colorado seguirá o mesmo ou se, de fato, será necessário uma correção de rumos no Beira-Rio.