O primeiro Gre-Nal da temporada 2021 fez o Inter reviver alguns traumas de 2020. A equipe colorada foi à Arena e conseguiu executar parte do plano de Miguel Ángel Ramírez: trocou o dobro de passes do que o rival e terminou com 69% de posse de bola. Porém, acabou derrotada por 1 a 0, com gol de Léo Chú, aos 43 minutos do segundo tempo.
— Uma derrota sempre dói. Ainda mais quando se poderia ter ganho, quando tivemos situações para abrir o placar. Dói perder para o eterno rival. Mas, independentemente do que aconteceu hoje (sábado), nos serve como aprendizado. Vamos nos ver logo, porque se seguirmos competindo e ganhando, vamos ficar entre os quatro primeiros e vamos nos encontrar na final do Gauchão. Queremos voltar a nos encontrar porque, ao viver essa experiência, adquirimos aprendizado suficiente e vamos trabalhar para ter mais ferramentas — avaliou o treinador.
Entre as chances desperdiçadas, duas foram claríssimas: no primeiro tempo, em que Praxedes chutou em direção a Brenno, e na etapa complementar, quando Lucas Ribeiro arrancou para o ataque, mas finalizou para fora.
Embora não tenha significado o fim da linha para o Colorado, o insucesso custou a liderança na tabela de classificação, que agora é do próprio Grêmio — que tem os mesmos 17 pontos, mas uma partida a menos.
— Controlamos o jogo todo, tivemos chances para fazer o gol. Mas não sei o que acontece nos Gre-Nais. A gente chega na frente do gol e não consegue fazer, tem medo de chutar, de ser feliz. E quem não faz, leva. No contra-ataque, eles acertaram um belo chute e a gente perdeu — declarou o capitão Rodrigo Dourado na saída de campo.
Em outros tempos, o desabafo do volante colorado poderia causar alguma insatisfação no vestiário. Desta vez, ele refletiu o sentimento do torcedor, que apostava suas fichas na troca do comando técnico para, enfim, superar o tradicional adversário fora de casa.
— Quem assistiu ao jogo, vai entender a cabeça quente do Dourado. Tivemos chances de ganhar o jogo. A indignação do Dourado é a de todos nós. Estamos frustrados porque a vitória não veio, mas faz parte. É uma reação normal de quem é líder. O Inter tem que entender por que acabou não vencendo. Agora teremos alguns dias para treinar e seguir evoluindo — contemporizou o vice-presidente de futebol João Patrício Hermmann.
Escolhas
Isso não quer dizer que Ramírez não tenha de rever alguns conceitos. Na escalação mandada a campo no último sábado, duas surpresas chamaram a atenção: a opção por Lucas Ribeiro ao lado de Víctor Cuesta e, principalmente, a colocação de Maurício aberto pelo lado direito. Assim, os atacantes Caio Vidal e Palácios — único reforço apresentado até agora —, tiveram de iniciar no banco de reservas.
— Palácios teve poucos treinamentos. Para a partida que tínhamos hoje (sábado), entendíamos que necessitávamos de outra coisa, outro tipo de experiência e vivência. Carlos está há poucos dias conosco, no país, e entendíamos que faltava muitas coisas para ele começar jogando e que o Maurício seria mais competitivo para o que havíamos preparado para a partida. Por isso, o elegemos — explicou o espanhol.
Apesar de a primeira derrota de Ramírez no comando do Inter ter sido para o maior rival, o discurso foi de apoio ao projeto que está sendo iniciado. Na leitura feita pela direção, é preciso dar calma para que os jogadores assimilem melhor a filosofia do treinador. Desta forma, até mesmo a busca por contratações será deixada de lado.
— Entendemos que o elenco é suficiente para enfrentar este primeiro semestre. Evidentemente estamos sempre atentos ao mercado, mas não temos nenhum movimento de saída ou entrada. Temos também a (equipe) sub-20 onde podemos buscar reposição. Neste momento, o mais importante é o entendimento do modelo de jogo para depois se buscar uma ou outra peça — concluiu Hermann.
De fato, os jogadores terão quase duas semanas até a próxima rodada do Estadual. Até lá, é hora de olhar para dentro e entender o que precisa ser feito para que o Gre-Nal deixe de tirar o sono dos colorados.