A estreia na Libertadores com mau resultado em La Paz acendeu o sinal de alerta no Inter. A altitude, é claro, fez diferença, o time não se encontrou, o 2 a 0 do Always Ready, ainda que de certa forma tenha sido surpreendente, chegou ao natural. Mas agora o time terá cinco jogos sem esse fator para buscar sua classificação. A resposta precisa ser dada já na terça-feira que vem, quando recebe o Táchira, que começou a caminhada vencendo o Olimpia, em um resultado inesperado.
Para evitar que um novo tropeço complique a busca pelo tri da América, o time colorado não poderá repetir alguns erros. Especialmente os que independem da altitude. A seguir, veja alguns dos pontos a serem corrigidos.
Escalação
Por mais que tenha tentado reduzir o impacto da altitude ao menos no psicológico, ficou claro que a escalação contra o Always Ready levou em conta os 3,6 mil metros acima do nível do mar de La Paz. Habitualmente titulares, Praxedes e Patrick, por exemplo, ficaram no banco para Mauricio e Caio Vidal, dois jogadores mais leves, que poderiam sentir menos os efeitos. O mesmo critério, porém, não foi usado para o centroavante, e Galhardo, mesmo sendo menos físico do que Yuri Alberto, foi o selecionado.
No Beira-Rio, contra um time que chegará provavelmente mais fechado, especulando em contra-ataques, será necessário ter pontas ativos, que ampliem o campo e permitam mais espaço para penetrações e arremates. E que tenham dribles ou vantagens pessoais no um contra um. Será o caso de Taison, por exemplo, caso esteja à disposição.
Adversário
Como o próprio Ramírez admitiu, ele demorou a entender o jogo proposto pelo técnico Omar Asad, que escalou o Always Ready no 3-5-2, e não no 4-2-3-1 ao qual o Inter havia analisado o adversário. Essa dificuldade foi notória em campo, já que o Inter, acostumado a ter mais posse de bola, teve o domínio apenas por 46% no tempo na etapa inicial. Na etapa final, como reforçou o Desenho Tático, quadro destinado a analisar a partida em GZH, assinado pelo jornalista Filipe Duarte, o treinador colorado tentou espelhar o modelo de três zagueiros colocando Lucas Ribeiro na vaga de Caio Vidal e formando uma dupla de ataque com Yuri Alberto no lugar de Palacios, abandonando o 4-3-3 para dar lugar ao 3-5-2.
Para o repórter setorista da equipe Yencer Berona, do site Once Futve, a impressão da estreia do Táchira foi positiva, já que era apenas o segundo compromisso na temporada. Após o início titubeante, o mandante conseguiu melhorar e controlar o enfrentamento.
— Os pontos chave foram a sociedade entre Góndola e Granados pela esquerda, a precisão de Cova, que deu duas assistências, e a capacidade de reação. Os pontos fracos foram Flores sozinho na primeira linha e a liberdade para as projeções dos laterais paraguaios, que sempre receberam perto da área — relatou Berona.
Marcação
A ideia de marcar mais adiantado, é claro, não conseguiu ser executada na altitude. Sem o costume do ambiente, era comum ver os colorados frequentemente chegando atrasados nas divididas ou cedendo espaços. Os bolivianos aproveitaram e não tiveram medo de arriscar. Fizeram dois gols em chutes de média distância e tentaram até de mais longe. Ao todo, foram 21 conclusões do Always Ready (11 de fora da área, 10 de dentro).
Contra o Táchira, no Beira-Rio, certamente a postura será outra. O Inter terá um movimento defensivo que já se inicia no campo de ataque, tentará sufocar mais o oponente. E precisa ter cuidado, os venezuelanos também não têm medo de chutar de longe. Contra o Olimpia, finalizaram 19 vezes, sendo cinco na direção do gol. E com 45% da posse de bola, mesmo tendo um jogador a mais durante quase todo o segundo tempo. Em resumo, é um time que não se importa de correr atrás, mas não hesita na hora de procurar o gol.
Objetividade
Contra o Always Ready, o Inter teve menos a bola do que de costume. Embora tenho encerrado a partida com posse superior à do adversário (55% a 45%), trocou menos passes do que o rival boliviano — algo inédito sob o comando de Ramírez. Uma estatística que serve de alerta é que 25% da posse de bola colorada no jogo foi perto de sua própria meta. Também errou muitos passes (76% de acerto) e abusou das ligações diretas.
Em resumo: quando teve a bola, não soube ser agressivo e objetivo. Prova disso é que, apesar de ter acertado a trave uma vez, a equipe colorada não criou nenhuma chance clara de gol. Além disso, das sete finalizações, apenas duas obrigaram Lampe a trabalhar.
Diante do Táchira, será preciso fazer a bola circular mais pela frente. Evitar recuar a bola aos zagueiros e, mais ainda, ao goleiro. Será um teste para a criatividade do treinador e para a pontaria dos atacantes.