A temporada 2021 começa nesta segunda-feira (1º) para o Inter. São somente quatro dias após o fim do Brasileirão. Para que os principais jogadores tenham um descanso, o time sub-20 começará a disputa do Gauchão contra o Juventude, no Beira-Rio.
O incentivo da política de formação nas categorias de base é uma das bandeiras defendidas pela direção. Um dos responsáveis por valorizar os jovens será Paulo Bracks, executivo que chegou junto com o presidente Alessandro Barcellos em janeiro. O dirigente falou a GZH sobre o planejamento para os jovens e seus primeiros dias de trabalho no Beira-Rio.
Como a direção projeta trabalhar agora que começou uma nova temporada?
Já conseguimos colocar a nossa cara no dia a dia. No CT e no ambiente desde que chegou no início de janeiro. O início da nova temporada permite ter uma montagem de elenco já que a janela estava fechada em janeiro. Vamos fazer a montagem do elenco, reformulação de comissão técnica. Amanhã (segunda-feira, 1) é o início da nossa temporada. Colocamos em prática os rascunhos feitos na campanha do Alessandro (Barcellos) e na minha contratação, que é o fomento da base. Demos folga remunerada para alguns atletas, prestigiamos outros para que junto com o elenco sub-20 a gente consiga dar a cara do Internacional para o ano de 2021. Esse trabalho de transição será cada vez mais intenso. Começou oficialmente. O sub-20 está treinando no CT depois de ter começado o trabalho do Gauchão em Alvorada. Trouxemos para cá assim que terminou o Brasileiro. Tudo está sendo feito aqui como se fosse um elenco profissional. Tratamos como um elenco profissional até porque a camisa que vai estar em campo não é a do sub-20, é a do Inter.
O projeto da direção é aproveitar bastante a base. É simbólico que o primeiro jogo da temporada seja com um time de jovens?
É um símbolo, e que seja uma marca e um marco para nós. Vamos ter uma redução da média de idade. Isso já está acontecendo no Internacional. Não vai ser uma mudança drástica. Analisando as últimas duas rodadas ou três rodadas do Brasileiro, a média de idade estava girando em 25 anos. É um início de trabalho. É uma oportunidade para atletas que vão estrear no profissional. É uma oportunidade que as vezes demora a se ter. No elenco de 2020, no jogo decisivo, tivemos a estreia de um jogador (Lucas Mazetti) nascido em 2001. Estreou num jogo decisivo e tinha que estar pronto. Agora temos jogadores nascidos até 2004 para estrearem no Gauchão e ganharem minutagem e que, lá na frente, vamos aproveitar melhor. Quantos mais minutos esses jogadores tiverem no profissional antes de um confronto grande, melhor para o clube e para o atleta. É uma oportunidade boa para o atleta e o clube.
Qual vai ser o papel do Julinho Camargo (gerente de transição)?
O Julinho trabalha comigo para que a transição dos atletas seja mais completa. É um trabalho de treino, de pós-treino, mas não necessariamente no campo. O Julinho não está dentro de campo. Será trabalhado o jogador dentro do modelo de jogo. Deixar o atleta sub-20 cada vez mais pronto para o profissional nos aspectos físico, fisiológico, técnico e cognitivo. Não é estourar a idade e entrar para treinar e jogar. Se terá uma análise de como o atleta joga no sub-20, como está treinando, como é o modelo de jogo do profissional, como ele vai se encaixar no modelo de jogo do profissional. Avaliar o que ele precisa para estar pronto para atuar. Ver o que falta trabalhar no dia a dia para que, quando for estrear, tenha menos carências e mais aptidão. É um trabalho individual e, ao mesmo tempo, coletivo.
Em 2007, após o Mundial, o Inter também começou o Gauchão com um time jovem. Os resultados não foram bons e o time principal voltou antes da hora. Pode acontecer o mesmo esse ano?
O planejamento vai ser cumprido independentemente dos resultados. Até porque o objetivo maior no início do campeonato é dar minutagem para os atletas. É preparar os atletas para que, alguns deles, sejam aproveitados no elenco profissional. O planejamento está rascunhado, com apresentação do grupo principal. Isso está mantido. Eles vão se apresentar para começar a pré-temporada e, quando estiverem aptos física e tecnicamente, vão reestrear. Antes das datas que planejamos não vai ter volatilidade por causa dos resultados. Vamos tentar ganhar, mas temos de ter paciência e equilíbrio para analisar os atletas que vão jogar com a camisa do Inter. Estamos escalando esses jogadores porque temos a convicção do que estamos fazendo. Vamos trabalhar da mesma forma que planejamos. Serão pelo menos três jogos. Demorou pra vir a tabela e isso atrapalha muito quem se planeja. Vai depender dos treinos. Não vamos acelerar nem queimar etapas em relação aos atletas que vão se representar depois. Podem ser quatro ou cinco jogos (com o time sub-20).
A prioridade na base será a formação ou os títulos?
Discordo de quem vê o título na base como meta. A base tem de servir para formar o jogador para que sirva ao profissional do clube. Até mesmo para que tenha a exportação, a negociação do jogador. O fim da base é desportivo e depois financeiro. Se nesse projeto tiver vitórias e títulos, pode ser que acelere essa formação. Mas não necessariamente. O Inter teve o exemplo que o foi título do sub-23 (em 2019). Qual a consequência desportiva daqueles atletas campeões? Não foi necessariamente o título, foi deixar os jogadores aptos para o profissional. O mesmo vale para a Copa São Paulo. Entre ganhar título e não formar, e não ganhar e formar dois ou três, prefiro a segunda opção. É o que vou buscar. Para eles estarem prontos e para a gente não precisar ir ao mercado. A base tem que servir ao profissional.
Mais adiante, o sub-20 seguirá treinando no CT ou voltará para Alvorada?
Minha ideia, respaldada pela presidência, é que tenham períodos de treinos do sub-20 no Parque Gigante. A gente não deseja que fiquem 100% no tempo em Alvorada. Isso dificulta, não só pela distância física. Eles mais perto melhora a análise do trabalho desses atletas. É do nosso projeto que haja uma maior participação do sub-20 aqui no Parque Gigante. Mesmo com a programação sendo em Alvorada, queremos que uma, duas ou três vezes por semana possam treinar caqui.
O Inter emprestou alguns jogadores, mas nenhum para equipes do Gauchão. Por que isso?
Faz parte planejamento. É nosso interesse e objetivo dar minutagem aos atletas. Essa é a razão pela qual a gente emprestou o Émerson (goleiro) para o Figueirense e o Keiller para a Chapecoense. Também é a situação do Pedro Lucas (emprestado ao Mirassol). Não queremos trabalhar com atletas que vão acabar estreando só no meio da temporada. Preciso do jogador pronto e performando. Por eles estarem nos planos é que estão sendo emprestados. O objetivo é que tenham experiência fora do Estado, com competições diversas. E, no caso dos goleiros, analisamos o elenco dos times para que tivessem minutagem. Sabemos que a Chapecoense e o Figueirense estavam com defasagem de goleiros. Escolhemos esses clubes para que pudessem performar. Escolhemos centros interessantes e equipes pontuais em que eles tenham oportunidade de ter minutos em campo.