Como já era esperado, o Inter terá um novo treinador a partir da próxima temporada. Com o encerramento do Brasileirão, Abel Braga deixou o cargo. Mas isso não quer dizer que tudo o que foi feito no Beira-Rio, de novembro até agora, deverá ser esquecido. O treinador carioca, que marcou ainda mais seu nome na história do clube gaúcho, deixa um legado para o próximo comandante.
Sistema tático
Caso seja confirmada a chegada de Miguel Ángel Ramírez, o esquema tático não deve sofrer alteração. No Independiente Del Valle, o espanhol utilizava o mesmo 4-1-4-1 usado por Abel nesta sua sétima passagem por Porto Alegre. No entanto, uma filosofia completamente diferente terá de ser implementada.
Ao contrário do modelo atual, em que o Colorado passou a atuar em linhas baixas de marcação, priorizando o fechamento de espaços e as escapadas em contra-ataque, Ramírez é adepto do jogo apoiado, exigindo que o time atue em linhas altas e trabalhe a partir da posse da bola. Portanto, será uma mudança da água para o vinho no modelo de jogo, mais parecido com a proposta que o time tinha sob o comando de Eduardo Coudet.
— O que eu acho que o Abel vai deixar, e isso pode ser um legado importante para quem vai ficar no Inter, é a questão da capacidade que um treinador tem de fazer que seus comandados acreditem em suas ideias. Mais do que seguir um treinamento, uma tática em si, mas acreditar no próprio potencial — ressaltou Sérgio Xavier, comentarista da SporTV.
Continuidade aos jovens
Seja por necessidade ou por convicção, Abel deu sequência na equipe titular a alguns garotos que não tinham tantas oportunidades sob o comando de Coudet, no ano passado. Entre eles está o zagueiro Lucas Ribeiro, que herdou a vaga de Rodrigo Moledo após a lesão no joelho, além de Praxedes e Yuri Alberto, que eram meras alternativas para segundo tempo e foram transformados em titulares. Por fim, o atacante Caio Vidal, elevado do time sub-20 para os profissionais. Todos eles se encaixam no perfil planejado pela diretoria: jovens com perspectiva de chamar a atenção do mercado europeu.
Em busca de espaço
Três meninos, em especial, terão de mostrar serviço para readquirir espaço no Inter. A começar pelo lateral-direito Heitor, que só foi escalado contra o Corinthians, na última rodada, porque o titular Rodinei estava suspenso. Situações semelhantes vivem Nonato e Maurício. Os dois meias até foram acionados nesta reta final do Brasileirão durante algumas partidas, mas jamais conseguiram se firmar. Com a troca na comissão técnica, surge uma nova oportunidade para ambos.
— Abel deixa uma base de time que mistura harmonicamente jogadores emergentes feitos em casa e experientes recém-afirmados. Este coquetel garante ao novo treinador um esqueleto de time com sete a oito titulares. Voltam Saravia, Boschilia e Guerrero. O Inter pode fazer um time competitivo — analisou Maurício Saraiva, comentarista do Grupo RBS.