Gigantes do futebol brasileiro, Inter e Flamengo escreverão mais um capítulo de suas histórias neste domingo (21). Às 16h, no Maracanã, as duas equipes se enfrentarão em um duelo que pode selar o título nacional da temporada 2020.
Como aperitivo para este confronto decisivo, GZH ouviu jogadores que já passaram pelos dois lados, vestindo tanto a camisa colorada quanto a rubro-negra. Confira as histórias e projeções de cada um deles:
Claiton
Uma década depois de ter sido revelado no Beira-Rio, o volante Claiton foi contratado pelo Flamengo e se sagrou campeão carioca em 2007. No Inter, já havia conquistado dois Gauchões, em 2002 e 2003. Portanto, sabe o que é comemorar título pelos dois lados.
— Quando joguei no Flamengo, em 2007, não cheguei a enfrentar o Inter naquele Brasileirão. Mas joguei muitas vezes contra o Flamengo. Sempre foi um jogo grande. Mas tem um jogo que me marcou muito e que nem foi oficial. Foi em 1998. O Romário recém tinha sido cortado da Copa do Mundo, e eu estava me firmando como titular do Inter. Ele saiu do jogo, me esperou e me deu a camisa dele. Eu a tenho até hoje — recorda o hoje técnico do Bagé, citando um amistoso que terminou empatado em 1 a 1, no Beira-Rio, e que teve gol do próprio "Baixinho".
Sobre a partida deste fim de semana, porém, aposta em surpresa colorada no Maracanã.
— Minha leitura é que o Inter, depois que o Abel (Braga) se recuperou da covid-19, criou uma identidade. Teve nove vitórias consecutivas que deram confiança e, para os atletas, isso é muito importante. Consigo enxergar uma confiança enorme nos jogadores do Inter, que antes eram criticados e agora são exaltados, como Rodinei, Yuri Alberto, Dourado. O Flamengo, todos sabem, tem a folha salarial mais alta do país. Uma equipe com muita qualidade, que vai jogar em casa e é favorita. Mas o Inter, sou suspeito para falar, pode chegar ao Maracanã, surpreender e sair com o título. O clube já virou e reverteu muitos jogos assim. O grande exemplo é o Barcelona, que, no Mundial de Clubes de 2006, era ainda mais favorito do que é o Flamengo hoje e foi vencido — conclui ele.
Diego Gavilán
Depois de marcar época no futebol gaúcho, o paraguaio Gavilán teve uma rápida passagem pelo Flamengo em 2008. Jogador polivalente, quase foi reprovado nos exames médicos na Gávea por conta de uma lesão no joelho, tendo de assinar um contrato de risco para defender o clube carioca.
Ainda assim, fez parte do elenco campeão estadual naquela temporada. No Colorado, conquistou bem mais: foram três Gauchões (2003, 2004 e 2005). Logo em seu primeiro ano, recém-trazido do Newcastle-ING, marcou um golaço de falta no goleiro Júlio César, decretando a vitória de 3 a 1 no Beira-Rio.
— O de 2003 foi um grande jogo da equipe naquele momento. Pude também contribuir bastante com um gol de falta. Com certeza, foi uma partida que ficou marcada para mim — relembra o hoje treinador, que atua nas categorias de base do Cerro Porteño.
Para este domingo, quando o palco será o Maracanã, a aposta recai sobre a consistência do time colorado.
— O jogo de domingo vai ser decisivo para o título do Brasileirão. Ao meu ver, o Inter tem totais condições de ser campeão neste jogo. Ele tem tido uma campanha mais consistente ao longo da temporada. Todo o mérito para o Abel, que conseguiu chegar e manter o bom trabalho que vinha sido feito anteriormente pelo (Eduardo) Coudet — opina.
Leandro Machado
Apesar de ser catarinense, o atacante Leandro Machado surgiu para o futebol com a camisa do Inter na metade da década de 1990. Anos depois, após passagem pela Europa, formou dupla de ataque com Romário no Rio de Janeiro.
Do lado flamenguista, conquistou três Campeonatos Cariocas (1999, 2000 e 2001), uma Copa Mercosul (1999) e uma Copa dos Campeões (2001). Depois, ainda retornaria ao Beira-Rio, em 2001, após sofrer uma lesão no joelho.
— Dois jogos me marcaram. O primeiro, pelo Brasileirão de 1994, foi meu segundo jogo como profissional e nós ganhamos por 2 a 1, no Maracanã, com dois gols meus. Depois, quando fui jogar contra o Inter, em 1999, marquei um gol de perna esquerda, de fora da área (vitória por 2 a 1). Se não me engano, foi meu primeiro jogo no Beira-Rio depois de eu ter saído do clube que me revelou. Nem comemorei o gol — diz ele.
Duas décadas depois, assistirá a seus ex-clubes brigando pelo título brasileiro e aponta uma pequena vantagem para os gaúchos.
— Eu vejo um equilíbrio muito grande. O Flamengo seria favorito se não tivesse pandemia, com a possibilidade de ter torcida. Mas o jogo, neste caso, se equilibra pelo fator campo e o Inter leva um pouco de vantagem, jogando por dois resultados e tendo a vantagem de estar um ponto na frente. E também por ser letal fora de casa, jogando desta forma, com linhas muito próximas e uma velocidade muito grande. Um exemplo disso é o jogo contra o São Paulo. Claro que o Flamengo tem, individualmente, os melhores atacantes, que podem fazer a diferença, mas o Inter tem uma defesa mais equilibrada. Vai ser um baita jogaço. Não dá para prever. É uma final mesmo — sentencia.
Leandro Ávila
De todos os jogadores citados até então, o volante Leandro Ávila fez o caminho inverso. Apesar de ter nascido em Porto Alegre, construiu praticamente toda a sua carreira no Rio de Janeiro, chegando ao Inter somente na reta final.
Descoberto pelo Vasco, no início dos anos 1990, atuou nos quatro grandes clubes cariocas e, no Flamengo, conquistou três campeonatos estaduais (1999, 2000 e 2001), uma Copa Mercosul (1999) e uma Copa dos Campeões (2001). No Beira-Rio, conquistou o Gauchão de 2002.
— Não sei se tu sabes, mas sou colorado. E aqui, no Rio, sou flamenguista. Então, eu estou até tranquilo para esse jogo (risos) — brinca ele.
Mesmo à distância, Leandro revela que mantém contato com amigos de Porto Alegre e foi pego de surpresa pela arrancada colorada.
— É um jogo difícil, que está em aberto. O Inter me surpreendeu positivamente. Falo com meus amigos aí de Porto Alegre, e ninguém esperava que o Inter fizesse uma campanha tão boa como fez. Isso prova que o time está fechado, unido e com o propósito de ser campeão. Mas acho que o Flamengo tem uma leve vantagem, por ter uma equipe tecnicamente melhor e pelo fato de o jogo ser aqui no Rio. Mas jogar contra o Inter sempre foi muito difícil. Aliás, contra a dupla Gre-Nal. Sempre foi um clássico — pontua.