O 2021 de Fabi Simões, jogadora do Inter, pode ser o da quarta Olimpíada dela. Convocada desde 2008 para a Seleção Brasileira, a atacante colorada aparece na lateral direita do time escalado pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS, na sigla em inglês) com as melhores jogadoras da América do Sul entre 2011 e 2020, divulgado na quarta-feira (27). Isso porque, pelo Brasil, ela atua como lateral. Mas, no clube, é atacante.
A presença nessa seleção da década no continente foi uma surpresa para a jogadora. Mas, assim como Marta, Cristiane e outras cinco brasileiras, era de se esperar que ela estivesse no time ideal da América do Sul.
— Estou feliz e surpresa. É merecido pelo nosso trabalho e dedicação. Abdicamos de muita coisa para ser jogadoras, esse reconhecimento é importante — comemora Fabi Simões.
Apelidada de "Mulher Gre-Nal" por conta dos gols e invencibilidade no clássico, ela percebe a própria evolução nesses 10 anos analisados pela entidade que monitora as estatísticas do futebol em todo o mundo. Fabi conta que nas primeiras convocações, antes mesmo dos 20 anos, jogava mais descontraída e aproveitando o momento de fazer parte da equipe das craques. Em 2021, aos 31 anos, ela é uma das craques com quem as mais novas aproveitam cada treinamento para aprender.
— Cheguei muito nova na Seleção, mas tinha uma cabeça boa. Não era tão dedicada ou pressionada quanto sou hoje, jogava e me divertia — relembra, antes de fazer uma autoavaliação:
— Me vejo mais madura, focada e centrada nos objetivos. Não que antes não ligasse para isso, mas o tempo vai passando e a gente aprende com o que vive.
A presença constante na Seleção, inclusive, fez Fabi acrescentar a função de lateral ao currículo. Atacante desde o começo da carreira nos clubes, foi recuada para a defesa na Copa América de 2010.
A experiência ensinou Fabi a não só marcar o ataque adversário como segunda posição de jogo. A jogadora segue treinando em dois turnos mesmo de férias, para se apresentar na Seleção Brasileira no mesmo nível físico das companheiras que atuam na Europa e estão no meio da temporada em fevereiro. Ela e Bruna Benites, capitã do Inter e da Seleção em conquistas da última década, são figuras carimbadas na lista da técnica Pia Sundhage. Ambas são lideranças e exemplo no elenco também entre as Gurias Coloradas.
— As meninas nos observam nos treinos e perguntam sobre nossa preparação física independente. Aprendi muito quando tinha a idade delas e procuro ajudar. O futebol hoje está ainda mais profissional do que antes — ressalta Fabi.
Fabi e Bruna renovaram contratos com o Inter recentemente. A dupla seguirá em Porto Alegre até dezembro de 2021, pelo menos. Em fevereiro, mais um compromisso delas com a Seleção. O torneio She Believes reunirá Canadá, Argentina, Brasil e Estados Unidos (atual campeã mundial), na Flórida, fazendo quatro times classificados para os Jogos Olímpicos medirem forças antes da disputa. A Seleção Brasileira estreia no dia 18, contra a Argentina.