Um dia depois da última atuação do Inter no ano, quando venceu o Bahia pelo Brasileirão, o presidente Marcelo Medeiros concedeu uma entrevista coletiva no CT Parque Gigante. Antes de responder às perguntas, o dirigente leu uma carta, onde fez um balanço de seu mandato, iniciado ainda em 2017.
— Algumas pessoas acreditam em destino, acaso ou sorte. Eu, pessoalmente, acredito em missão. E minha missão foi cumprida e será cumprida até amanhã (terça-feira). A missão de entregar um clube muito maior e em melhores condições do que recebi. Entregamos um Inter mais eficiente e profissional em todas suas áreas — disse ele, recordando a disputa da Série B:
— O Inter que entregaremos é protagonista no Brasil e no continente. É competitivo em todos os campeonatos que disputa. Mais uma vez, se encaminha para uma classificação para a Libertadores e com chances de título no Brasileirão. Mas devo admitir que nos faltou a taça. O torcedor espera e merece essa taça. Essa missão, infelizmente, nós não concluímos. Mas a terra foi arada, as sementes cultivadas e, logo ali na frente, a colheita virá — concluiu.
Confira outros trechos da entrevista:
Falta de títulos
Só faltou o título. O difícil é chegar a uma decisão. Depois da campanha de 2018, que surpreendeu alguns (terceiro lugar no Brasileirão), nós entendíamos que a colheita seria realizada ali na frente e poderia se dar já em 2019. Chegamos a uma final de campeonato regional, perdemos nos pênaltis, e chegamos a uma final de Copa do Brasil. Se tivéssemos vencido aquela competição, o Inter teria coroado esta gestão que teve a coragem de assumir na segunda divisão e terminaríamos o ano com superávit. Mas a gente tem que ter a humildade de reconhecer que faltou o título.
Futura gestão
Vamos ter uma gestão com mandato de três anos. Deixem os caras trabalhar. Vão assumir com uma competição em andamento. Ninguém planejou o que está acontecendo, ninguém estudou para enfrentar um ano com esta complexidade. Então, vamos ter um pouco de paciência, de tolerância. Vamos deixar o Alessandro (Barcellos) trabalhar e torcer para que tenham sucesso. O sucesso deles vai fazer nossa felicidade.
Permanência de Abel Braga
Quando optamos pelo Abel, existiam algumas variáveis que deveriam ser encaixadas na equação. Não é qualquer treinador que assume um time com o campeonato terminando daqui três meses. Mas o Abel tem paixão e respeito pelo Inter, e temos uma relação transparente, que se iniciou em 2014, de respeito, de olho no olho, que virou amizade. Eu torço pelo bem do Inter. Se for essa a decisão (permanecer no cargo), tenho confiança no trabalho do Abel Braga.
Saída de Eduardo Coudet
Tu contrata um treinador por dois anos e traz quatro auxiliares junto com ele. A pessoa se muda para Porto Alegre, vem de carro e aponta jogadores que ele gostaria de trazer, e esses jogadores vieram. Aí, duas semanas antes do jogo contra o Coritiba, em rede nacional, o Coudet encanta a todos pela simpatia, fala muito bem do clube e do nosso diretor-executivo. Duas semanas depois, diz que não tem mais cabeça para treinar o Inter. Tem certas coisas que não estão ao nosso alcance. Várias teorias surgiram sobre por que ele deixou o Inter e optou pelo Celta de Vigo. Acho que, para um argentino, trabalhar na Espanha é sempre uma alternativa para entrar no mercado europeu. Mas tudo que estava ao nosso alcance, fizemos.