Quando o dia 31 de dezembro acabar, o presidente Marcelo Medeiros deixará o cargo máximo do Inter após quatro anos e dará lugar a Alessandro Barcellos. A trajetória de Medeiros à frente do Colorado começou em 2017, assumindo a vaga de Vitorio Piffero em meio a um momento complicado, tanto dentro de campo (na Série B), quanto fora (se seguiriam investigações do Ministério Público sobre a gestão anterior).
Com mandato de dois anos, o presidente foi reconduzido ao cargo ao término de 2018, com 92% dos votos, após levar o Inter à elite do Brasileirão e também classificar a equipe para a Libertadores de 2019 com uma boa campanha no campeonato nacional.
Confira 10 momentos da gestão de Marcelo Medeiros
1) Retorno à elite
Depois de amargar um rebaixamento para a Série B do Brasileirão em 2016, Medeiros entrou com o principal objetivo de voltar à elite da competição. Ao término da temporada, conseguiu alcançar o que desejava, mas ficou com o vice-campeonato, a dois pontos do América-MG, campeão na ocasião.
O caminho foi turbulento e contou com duas demissões de treinadores no período. Primeiro, Antônio Carlos Zago, que já havia perdido o Gauchão para o Novo Hamburgo, foi demitido após derrota para o Paysandu, fora de casa, pela terceira rodada da Série B. Guto Ferreira foi contratado, mas também não conseguiu acabar a competição comandando o Colorado — foi demitido em novembro após um empate com o Vila Nova, em casa. Foi com Odair Hellmann que o Inter garantiu o acesso e terminou aquele ano.
2) Boa campanha em 2018
No retorno à Série A do Brasileirão, o Inter surpreendeu com uma campanha sólida e uma classificação para a Libertadores de 2019. Sob o comando de Odair, o Colorado ficou à frente de equipes mais badaladas e que vinham de títulos recentes, casos do Grêmio, que havia sido campeão da Libertadores em 2017, e do Cruzeiro, que era o atual bicampeão da Copa do Brasil (2017 e 2018).
Tendo o Beira-Rio como um dos principais trunfos e jogando um futebol reativo, a equipe de Odair Hellmann alcançou 69 pontos e ficou na terceira colocação do Brasileirão de 2018, atrás apenas de Palmeiras e Flamengo.
3) Contratação de Guerrero
Depois do término do vínculo do centroavante peruano com o Flamengo, o Inter conseguiu em 2018 a contratação de Paolo Guerrero pelo período de três anos. À época, o atacante foi considerado o reforço extraclasse para que o Colorado voltasse a trilhar o caminho dos títulos.
Apesar disso, em virtude de uma suspensão por doping, Guerrero só conseguiu estrear com a camisa colorada em 2019. Desde então, já marcou 30 gols pelo Inter. Atualmente, se recupera de uma lesão no joelho e ainda não tem prazo para retornar aos gramados.
4) Vice-campeão da Copa do Brasil
Após o vice-campeonato da Série B e uma boa campanha no retorno à Série A, o Inter chegava a sua primeira final de nível nacional com Medeiros na Copa do Brasil, contra o Athletico-PR O time havia eliminado na semifinal o Cruzeiro, que era o atual bicampeão da competição.
No primeiro jogo, na Arena da Baixada, a equipe de Tiago Nunes foi superior e conseguiu vencer o Colorado pelo placar mínimo de 1 a 0. No Beira-Rio, o time de Odair Hellmann não conseguiu reverter a desvantagem sofrida na primeira partida e acabou derrotado por 2 a 1, o que impediu o segundo título do Inter na história da competição.
5) Título na Copa São Paulo
Se no elenco profissional o presidente Marcelo Medeiros não conseguiu levantar nenhum título, as categorias de base conseguiram uma taça de expressão. A conquista veio na Copa São Paulo de 2020, e foi logo contra o maior rival. A equipe de Praxedes, Guilherme Pato e Emerson Junior derrotou o Grêmio na final da competição. Após um empate por 1 a 1 no tempo normal, o Colorado venceu o Tricolor nos pênaltis e chegou ao quinto título da Copa São Paulo.
6) Contratação de Eduardo Coudet
Depois de demitir Odair após perder a Copa do Brasil e fechar o ano de 2019 com Zé Ricardo, o Inter foi atrás de Eduardo Coudet, então técnico do Racing, para a temporada de 2020. Apresentado em dezembro do ano passado, o argentino começou a trilhar o seu caminho no Beira-Rio com classificações nas fases preliminares da Libertadores, apesar de não ter chegado às finais do Gauchão.
Ainda assim, o time colorado era competitivo em todas as competições que disputava. Chegou a liderar o Brasileirão, estava classificado na Copa do Brasil e na Libertadores, mas Coudet deixou o clube em novembro. Em meio a pedidos de reforços, ruídos com a direção e falta de poderio financeiro, o argentino rumou para o Celta de Vigo, da Espanha.
7) Aposentadoria de D'Alessandro
Desde 2008 no Inter, o camisa 10 argentino decidiu que seu ciclo no Inter havia acabado já no fim da gestão de Marcelo Medeiros. No começo de dezembro de 2020, D'Alessandro anunciou que, ao término do seu contrato (31/12), deixaria o Colorado e continuaria sua carreira de jogador de futebol fora de Porto Alegre.
Ele conquistou com a camisa colorada a Libertadores de 2010, a Sul-Americana de 2008, a Recopa de 2011 e seis Campeonatos Gaúchos (2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016). Ficou um ano fora, em 2016, emprestado para o River Plate, time que o revelou na Argentina, mas retornou em 2017 para reconduzir o time à Série A do Brasileirão. Fez seu último jogo contra o Palmeiras, no Beira-Rio.
8) Falta de títulos
A gestão de Marcelo Medeiros ficou também marcada pela falta de títulos conquistados. De 2017 até o término do seus dois mandatos, o Inter não conseguiu vencer nenhuma competição que disputou e amargou dois vice-campeonatos gaúchos (um para o Grêmio, em 2018, e outro para o Novo Hamburgo, em 2017), um vice-campeonato da Copa do Brasil (2019) e o vice-campeonato da Série B, ficando atrás do América-MG. Foi, portanto, o primeiro presidente do Inter a ter uma gestão sem títulos desde o Fernando Miranda, em 2001.
9) Troca de técnicos
Os quatro anos também foram de convivência com a troca de treinadores do Inter. O clube começou a Série B com Antônio Carlos Zago, demitido na terceira rodada. Contratou Guto Ferreira, demitido em meio à competição, e acabou 2017 com Odair Hellmann no comando. Odair foi quem mais permaneceu à frente do time nesse período, sendo demitido após a perda da Copa do Brasil no último trimestre de 2019. Zé Ricardo chegou como técnico tampão e conseguiu levar o Colorado para as fases preliminares da Libertadores.
O ano de 2020 chegou com a contratação de Eduardo Coudet, que pediu demissão antes do fim da temporada. O término da gestão de Marcelo Medeiros marcou também o retorno de Abel Braga para o clube. Após a saída de Coudet, Medeiros optou pela experiência do treinador para comandar a equipe na reta final.
10) Jejum em Gre-Nais
A gestão de Marcelo Medeiros também ficou marcada pela dificuldade em vencer clássicos Gre-Nais. Desde 2017, foram apenas duas vitórias no duelo contra o maior rival, ambas em 2018 — a última foi em setembro daquele ano, com gol de Edenilson. Desde então, já são 11 clássicos e nenhum triunfo colorado.