O Inter deu adeus ao Brasileirão feminino no último sábado (1°), após cair para o Avaí/Kindermann nas quartas de final da competição. O revés se tornou ainda mais melancólico por ter acontecido dentro de casa, no primeiro jogo da equipe feminina no Estádio Beira-Rio nesta edição do torneio nacional.
Para entender o que pode ter levado à queda da equipe gaúcha, a reportagem de GZH analisou alguns pontos que podem ter contribuído para o resultado negativo. Foi o desempenho dentro de campo? As mudanças técnicas realizadas pelo técnico Maurício Salgado? Ou simplesmente a superioridade das rivais?
Para a comentarista Cíntia Barlem, dos canais SporTV, as trocas na equipe para o segundo jogo foram determinantes para a desclassificação. Após perder por 3 a 2 de virada em Florianópolis, Salgado levou a campo uma equipe com algumas novidades. Jheniffer começou a partida no ataque, enquanto Shashá foi para o meio-campo.
— A questão de colocar o time mais para frente, com mais atacantes, causou uma falta de proteção no meio-campo, e isso dificultou para as jogadoras se adaptarem ao novo formato. No segundo tempo, quando estavam mais encaixadas, o nervosismo de correr atrás do resultado na hora da finalização acabou prejudicando o time — analisou Cíntia.
Já para a zagueira e capitã Bruna Benites, a equipe colorada não conseguiu manter o mesmo nível de jogo da primeira fase.
— Em jogos decisivos, não temos margem para erros, e foi o que aconteceu. Nós erramos mais do que de costume. Nosso time sempre teve volume ofensivo, e faltou um pouco mais de tranquilidade para definir a partida nesses dois últimos jogos. E mata-mata não tem margem para erro — afirmou a defensora do Inter.
Rival de força
Além da atuação em campo ter sido abaixo da desejada pelo time, a desclassificação colorada também passa pelo "peso da camisa" das adversárias. O Avaí/Kindermann é uma das potências do futebol feminino brasileiro. Único representante de Santa Catarina na competição, a equipe seguiu o caminho "inverso" e deixou a categoria masculina para marcar sua trajetória entre as mulheres.
Fundado em 1975, o clube abriu mão do futebol masculino no início dos anos 2000 para se dedicar ao futsal, primeiro entre os homens, para depois abrir as portas às mulheres. O sucesso nas quadras do time feminino, iniciado em 2004, foi decisivo para mudar a trajetória da agremiação.
O time de campo foi fundado em 2008 e, já no ano seguinte, a equipe conseguia bons resultados — um terceiro lugar na Copa do Brasil. Nos últimos 12 anos, foram 11 títulos estaduais, um vice Brasileiro (2014), uma semifinal de Série A1 (2019) e o maior feito: a conquista da Copa do Brasil (2015).
— Chegamos a esta fase da competição contra um adversário dificílimo, que está acostumado a chegar e está sempre brigando por títulos. Erramos quando não deveríamos errar — disse Benites.
O time catarinense havia avançado à segunda fase com a sexta melhor campanha e estabeleceu a maior goleada (9 a 0 sobre o Audax) da competição, além de ter o segundo ataque mais positivo, com 39 gols.
— Acho que o Inter tinha capacidade, pelo primeiro jogo, mas vejo o Kindermann como gato escaldado e experiente nesse tipo de situação — finalizou Barlem.