Abel Braga foi técnico de dois times em 2019 e disputou ao todo 43 partidas. Ele começou o ano no Flamengo, onde foi campeão estadual, mas deixou o clube por desentendimentos com a direção em maio. Depois, em setembro, na 21ª rodada do Brasileirão, assumiu o Cruzeiro que lutava contra o rebaixamento. Fez 15 partidas, perdeu três, e deixou o cargo após a derrota para o CSA, em novembro, sem conseguir tirar o time mineiro do Z-4.
Apesar de ter trabalhado em apenas sete meses do ano, Abel Braga conquistou um título e bons números. Seu aproveitamento, considerando o desempenho das duas equipes, é ligeiramente superior ao Eduardo Coudet no Inter em 2020 — que também teve sete meses de trabalho e três de paralisação por conta da pandemia.
O argentino disputou 46 jogos e deixou o Colorado com 61,5% de aproveitamento (24 vitórias, 13 empates e 9 derrotas), na liderança do Brasileirão, nas oitavas de final da Libertadores e quartas da Copa do Brasil. Abel Braga alcançou 62% dos pontos disputados em 43 partidas, com 22 vitórias, 14 empates e sete derrotas.
Título e falta de respaldo no Flamengo
O projeto milionário tinha Abel Braga na casamata do Maracanã. Ele assumiu o cargo em janeiro e arrancou a temporada com o título Carioca sobre o rival Vasco. Porém, se disse traído pela direção, que negociava com Jorge Jesus.
"Eu me senti sem respaldo, isolado em certo momento. O que posso afirmar é que o Flamengo é muito maior do que tudo isso. O clube vai brilhar por tudo que plantou nesses últimos anos, por esse terreno fértil, por sua grandeza", escreveu, em nota, ao deixar o cargo, elogiando os jogadores, que retribuíram o carinho na despedida.
Por outro lado, o presidente Rodolfo Landim afirma que a escolha foi de Abel, que, por problemas pessoais, preferiu abrir mão do cargo.
Cruzeiro
Abel foi contratado pelo Cruzeiro na primeira rodada do segundo turno, substituindo Rogério Ceni. Sob o comando de Abel, a equipe ficou 10 jogos seguidos sem perder, fazendo números de campanha para G-4 no returno, mas ainda assim não conseguiu melhorar a posição na tabela de classificação.
— Estou me despedindo com consciência doendo, porque vim com o intuito único exclusivamente de ajudar esse clube. Torcendo mais do que nunca pelo Cruzeiro. Amizade, respeito e carinho. Foram 14 jogos. Conseguimos ficar 10 ou 11 sem perder e não conseguimos sair da zona — lamentou o técnico, na despedida do clube mineiro.
Adilson Batista assumiu o cargo depois da saída de Abel, mas também não conseguiu salvar o Cruzeiro do rebaixamento.
Vasco
Abel Braga foi anunciado em dezembro do ano passado como o substituto de Vanderlei Luxemburgo no Vasco da Gama para a temporada 2020. A passagem por São Januário, no entanto, durou os mesmos 14 jogos do Cruzeiro.
Abel não conseguiu classificar o Vasco para a semifinal da Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Carioca, e fazia campanha ruim na Taça Rio, o segundo turno, quando decidiu pedir demissão após uma derrota de 2 a 0 para o Fluminense de Odair Hellmann no último jogo antes da parada do Campeonato Carioca em razão da pandemia de coronavírus.
— Gosto muito do Vasco, do presidente, dos jogadores, da torcida e do ambiente de trabalho. Mesmo com a crise financeira, jamais faltou dedicação e entrega. Mas as coisas não estão acontecendo da forma como imaginamos. Assim, num momento em que os campeonatos estão parados por motivo de força maior, saio para que o clube encontre um profissional que tenha tempo para trabalhar e tentar os ajustes necessários — disse em sua despedida.