Apesar do contrato longo, a permanência do técnico Eduardo Coudet no Inter em 2021 está indefinida. Insatisfeito com o tamanho do grupo, o treinador quer mais reforços para brigar por títulos. E a direção que poderá alinhar com o técnico os objetivos e a capacidade de investimento para a próxima temporada só será definida no dia 15 de dezembro, quando ocorrerá o segundo turno das eleições.
O contrato de Coudet com o Inter expira apenas em 31 de dezembro de 2021. Até o final de 2020, é praticamente impossível que o treinador deixe o Beira-Rio, por conta da elevada multa rescisória, para os dois lados. Para rescindir agora, por exemplo, o treinador teria que pagar uma indenização equivalente a todos os salários que teria direito até o final do vínculo.
A partir de 1 de janeiro de 2021, contudo, a multa rescisória cai bastante. A partir daí, se receber uma proposta e decidir deixar o Inter, Coudet e o novo clube teriam que pagar uma indenização de apenas dois salários, um valor relativamente baixo para um técnico valorizado em um clube de ponta.
É verdade que os quatro candidatos que disputam a eleição para a presidência do Inter defendem a permanência de Coudet. Contudo, tão importante quanto querer manter o treinador é chegar a um acordo com o profissional em relação aos objetivos do clube e a capacidade de investimento para 2021. E essa conversa só será possível a partir de 15 de dezembro, quando a futura direção estiver definida.
— Claro que há a influência política de tudo que vai acontecer no fim do ano no clube. Não sabemos se vamos continuar. Terão novos dirigentes. Eu e o Rodrigo (Caetano, diretor-executivo de futebol) estamos acostumados, pois isso acontece em um clube grande. Estamos acostumados a processos eleitorais. A incerteza minha e do Rodrigo não é o melhor, mas é algo que não podemos nos sobrepor. Sabemos que é assim, pois estamos há muito tempo no futebol — disse Coudet.
Além disso, o treinador tem divergências de pensamento com o atual diretor-executivo de futebol Rodrigo Caetano. Enquanto o técnico entende que o grupo é insuficiente e quer reforços experientes, o dirigente elogia o elenco, defende a utilização de garotos e pede a compreensão do argentino em relação às dificuldades financeiras do futebol brasileiro.
Caetano, aliás, também tem o futuro indefinido. Valorizado no mercado, o executivo tem contrato apenas até dezembro de 2020 e ainda não foi procurado para renovar. A tendência é de que essa negociação inicie apenas duas semanas antes do fim do vínculo, quando a nova direção for eleita. Até lá, o dirigente pode receber propostas de outros clubes.
A indefinição na direção significa que os responsáveis por garantir a permanência de Coudet ainda não são conhecidos.
— No futebol, tudo pode acontecer. Não me parece um drama, seguimos trabalhando no dia a dia, mas nada pode garantir que eu estarei aqui no ano que vem — completa o treinador.
O fato é que o primeiro desafio da nova direção, após o dia 15 de dezembro, será chegar a um acordo com Coudet sobre o quanto o clube vai investir em contratações. Em suma, ou os novos dirigentes convencem o treinador a trabalhar com garotos e reforços de baixo custo, ou ou se dispõem a abrir os cofres. E endividar (ainda mais) o clube.