Adversário do Inter na quinta-feira (13), pela segunda rodada do Brasileirão, o Santos busca se remontar neste começo de campeonato. Vice-campeão do ano passado, o time paulista atravessa uma crise dentro de fora de campo e, depois de ser treinado pelo argentino Jorge Sampaoli em 2019 e pelo português Jesualdo Ferreira até a última semana, a diretoria aposta em um velho conhecido: Cuca, ex-jogador do clube na década de 1990 e campeão brasileiro de 2016, pelo Palmeiras, e da Libertadores de 2013, pelo Atlético Mineiro.
Esta é a terceira passagem do ex-meia da dupla Gre-Nal na Vila Belmiro. As anteriores, em 2008 e 2018, foram breves e, aos 57 anos, o treinador nascido em Curitiba espera que desta vez os resultados lhe favoreçam.
— Quando cheguei em 2018, estava ali beirando a zona de rebaixamento. Tinha um grupo forte e tinha de passar confiança. Lembro que tinha jogadores importantíssimos em baixa. Grande parte deles recuperou a confiança. Demos aquela arrancada e quase fomos à Libertadores. Agora, a realidade é outra. Vou pegar desde o princípio. Não pude treinar, mas vou começar do zero, todos com zero pontos — disse o técnico em sua apresentação na sexta-feira.
Uma das primeiras medidas de Cuca no Santos foi reintegrar o ex-atacante Serginho Chulapa para ser um de seus auxiliares, após a saída dos quatro portugueses que acompanhavam Jesualdo Ferreira. Fora de campo saiu o diretor William Thomas e o ex-meia Renato, campeão brasileiro de 2002 pelo clube e de grande passagem pelo Sevilla, da Espanha, assumiu a gestão de futebol do Santos - ele já havia ocupado o cargo justamente com Cuca, em 2018.
— O Cuca já tem dado a cara dele. Nos primeiros dias reintegrou o colombiano Copete, que estava no time B, e isso era um pedido do elenco. Trouxe de volta o Serginho Chulapa na comissão, que é auxiliar fixo, mas que perdeu espaço com Sampaoli e Jesualdo — atesta o repórter Gabriel dos Santos, setorista do clube pelo ge.globo.
A estreia no Brasileirão foi em casa, no último domingo (9), contra o Bragantino. O resultado final foi um empate em 1 a 1, depois de estar à frente no marcador até os 47 do segundo tempo. Além de sofrer o gol nos acréscimos, o time da Vila Belmiro ainda viu Carlos Sánchez desperdiçar um pênalti na primeira etapa.
Mas apesar de apenas dois treinos, o Santos mostrou em campo alguns aspectos que ainda não tinham sido vistos na temporada, como inversões a todo instante e uma tentativa de pressionar as saídas de bola do Bragantino. Aliás, foi dessa forma que o atacante Kaio Jorge pressionou o zagueiro Fabrício Bruno, roubou a bola e sofreu pênalti.
As grandes apostas da equipe seguem sendo os velozes e habilidosos Marinho e Soteldo, único jogador do time que figurou na seleção do campeonato paulista. No meio, dois volantes que pouco saem, Alison e Diego Pituca, com o uruguaio Sánchez sendo o responsável pela criação.
Diante do Bragantino, o Santos apostou nos chutes de média distância e foi assim que Marinho abriu o placar. A equipe teve dificuldades em gerar chances claras e quando as teve, faltou tranquilidade e/ou qualidade para finalizar. Na defesa, a bola aérea é um problema, já apresentado em diversos jogos no Paulistão, onde foi eliminado nas quartas de final, pela Ponte Preta.
— Ele manteve a escalação do Jesualdo, mas o Santos foi mais vertical. O time busca jogar mais pelo meio, com o Carlos Sánchez mais avançado, mas ainda é um time dependente do Soteldo e do Marinho. O Diego Pituca não vive uma boa fase e esse é um desafio para o Cuca, assim como a bola aérea defensiva. O Santos vem sofrendo muito nesse ano. O clube não pode contratar e ele terá que se virar com o que tem e a base deve ser bem mais usada —garante Gabriel dos Santos.
Cuca terá muito trabalho pela frente e quando enfrentar o Inter, na quinta-feira (13), muitos problemas ainda irão aparecer até porque além dos dois treinos antes da estreia, apenas mais dois terão sido realizados até o jogo em Porto Alegre.
— Cada um tem sua maneira. O Sampaoli foi muito ousado, criou diversas maneiras de jogar. O Jesualdo tem outra característica, que é oriunda dele, também. Não foi um mau trabalho. Pelo contrário. O trabalho estava fluindo, temos de entender. Tenho meu trabalho, vou colocar em prática. Vou pegar o máximo de coisas que o Jesualdo deixou, muitas coisas boas. A gente lamenta a saída dele, porque é um grande profissional, já aconteceu comigo e com certeza acontecerá com outros profissionais, também — avaliou Cuca, logo após ser contratado.
— Dá para perceber uma mudança de ânimo, o Cuca é um ótimo gestor de grupo e os jogadores parecem bem contentes com ele, até porque alguns já o conheciam de 2018. Se não mudou muito taticamente, ele deu uma movimentada neste aspecto fora de campo —complementa o jornalistas Gabriel dos Santos.
O time para o jogo no Beira-Rio depende da recuperação de Marinho, que foi substutuído contra o Bragantino, com fadiga muscular, e dos resultados dos testes de covid-19 realizados pelos jogadores na segunda-feira. Uma provável formação tem: Vladimir; Pará, Lucas Veríssimo, Luan Peres e Felipe Jonatan; Alison, Diego Pituca e Carlos Sánchez; Marinho (Arthur Gomes), Kaio Jorge e Soteldo.