O futebol é um jogo de ação e reação. Quando uma equipe propõe uma determinada estratégia, a outra tenta responder de maneira diferente. No entanto, nem sempre as partidas apresentam variações táticas tão imediatas quanto Inter e Atlético-MG proporcionaram no último sábado (22).
Eduardo Coudet e Jorge Sampaoli são treinadores que veem o esporte pela mesma ótica, exigindo de seus comandados um estilo propositivo, com passes rápidos, linhas altas e agressividade para retomar a bola. No Beira-Rio, ambos mexeram suas peças como se estivessem jogando xadrez, mas apenas um deles se manteve fiel à sua filosofia. Mas a mudança estratégica não representou a derrota.
Pela primeira vez desde que chegou a Porto Alegre, Coudet abriu mão do que acreditava, terminando a partida com apenas 30% de posse de bola. Porém, saiu de campo com a vitória por 1 a 0 e a liderança isolada do Brasileirão.
Estratégias diferentes
Com seu modelo tático tradicional (4-1-3-2), o Inter promoveu uma blitz nos minutos iniciais, marcando com pressão a saída de bola atleticana e usando os espaços vazios entre os zagueiros para lançar Thiago Galhardo. Assim, abriu o marcador.
O Atlético-MG logo tomou as rédeas da partida e, com seus três zagueiros, passou a dar liberdade para que os alas e volantes avançassem cada vez mais. Sem um centroavante para segurar a bola na frente, o Colorado se limitava a fechar espaços, sem conseguir encaixar contra-ataques. O time visitante passou a circular a bola, terminando o primeiro tempo com 63% de posse de bola, mas sem conseguir penetrar na área de Marcelo Lomba.
Pressão do Atlético-MG
Na tentativa de transformar sua posse de bola em finalizações, Sampaoli voltou do intervalo com duas modificações. Tirou Marrony e Jair para mandar a campo dois atacantes. O ex-colorado Sasha passou a atuar mais centralizado, enquanto Marquinhos assumiu o lado esquerdo do ataque, empurrando Hyoran para o meio-campo.
A resposta de Coudet demorou um tempo, mas veio aos 15 minutos do segundo tempo, quando trocou Marcos Guilherme por Musto. Com isso, alterou também o sistema tático, passando a atuar com duas linhas de quatro, no 4-4-2. O objetivo era fechar todas as linhas de passe dos atleticanas.
Inter se defende
A partir dos 15 minutos do segundo tempo, o técnico atleticano mexeu mais duas peças: renovou o gás pelo lado direito do ataque ao colocar Savarino na vaga de Keno, e desmanchou seu esquema de três zagueiros com o meia Alan Franco entrando na vaga de Igor Rabello. É neste momento do jogo, inclusive, que Zé Gabriel salva uma bola em cima da linha.
Com Sampaoli partindo de maneira desesperada em busca do empate, Coudet tirou o cansado Boschilia para dar lugar a D'Alessandro. E, nos minutos finais, a substituição que variou novamente o sistema colorado para o 5-4-1. Rodrigo Moledo entrou no lugar de Patrick, fechando uma trinca de zagueiros à frente de Lomba. D'Alessandro, por sua vez, fechou o lado esquerdo do meio-campo. Na frente, o jovem Peglow substituiu um exausto Galhardo. A partir daí, o Inter conseguiu respirar e segurar o importante resultado, mesmo com apenas 30% de posse de bola.