O grupo profissional do Inter conta, atualmente, com oito zagueiros, de acordo com o site oficial do clube: Bruno Fuchs, Víctor Cuesta, Rodrigo Moledo, Roberto, Carlos Eduardo, Pedro Henrique, Matheus Jussa e Zé Gabriel. Os dois últimos, porém, eram volantes antes de trabalharem com Eduardo Coudet. No último sábado (25), diante do Esportivo, o treinador agregou mais um jogador a essa lista de meio-campistas adaptados à defesa. Musto entrou no segundo tempo fazendo com que o time atuasse sem nenhum zagueiro de origem.
A escalação de início do jogo contra o Esportivo teve apenas um zagueiro de origem: Roberto. Ele formou a zaga com Zé Gabriel, enquanto Jussa atuou como lateral-esquerdo. Aos 11 do segundo tempo, Roberto foi sacado para a entrada de Musto. A partir de então, o esquema colorado foi alterado para o 3-4-3, com a linha de três zagueiros sendo formada apenas por jogadores que são volantes de origem: Zé Gabriel, Musto e Jussa. A estratégia adotada em Bento Gonçalves e as adaptações de jogadores de meio-campo na zaga fazem parte da trajetória de Coudet.
Desde que iniciou a carreira de treinador no Rosario Central, Coudet sempre teve o esquema 4-1-3-2 como preferido. Na saída de bola, o recuo de um volante para formar a chamada saída de três com a liberação dos laterais é um passo para os jogadores de meio-campo se adaptarem à função de zagueiro. O fato de exigir que os zagueiros tenham capacidade de passe também favorece para isso.
— O Coudet pediu mais um zagueiro canhoto para o elenco e sugerimos alguns nomes avaliados pelo CAPA (Centro de Análise e Prospecção de Atletas). Dentre as opções, o Coudet e todo o departamento de futebol aprovaram o nome do Matheus Jussa, por ele apresentar as características necessárias. Coudet gosta que os zagueiros tenham qualidade para iniciar o jogo. Ele fez isso com o Zé Gabriel e faz isso com o Musto — revelou o o executivo do Inter, Rodrigo Caetano, quando Matheus Jussa, volante de origem, foi contratado para atuar como zagueiro, no começo do mês.
O histórico
No Rosario Central, o próprio Musto foi utilizado como zagueiro em alguns momentos. Mauricio Martínez, também volante de origem, foi improvisado diversas vezes na defesa. A confiança nos dois jogadores foi tanta que Coudet voltou a trabalhar com eles. Antes do Inter, Mustou atuou também com o treinador no Tijuana-MEX. Martínez foi levado pelo técnico ao Racing, onde segue até hoje.
Na passagem pelo México foi onde Coudet tentou mudar seu esquema. Em diversos momentos montou a defesa com três defensores e deu preferência para jogar com zagueiros de origem. As adaptações voltaram no Racing.
Além de Maurício Martínez, o chileno Marcelo Díaz e o também argentino Nery Domínguez foram outros volantes que viraram zagueiros com Coudet. No caso de Domínguez, a opção deu resultado tão bom que ele acabou fixado como zagueiro pelo atual técnico do Racing, Sebastián Beccacece.
— Com Coudet, o Nery era utilizado nas duas funções habitualmente. Agora, com o Beccacece está definido como zagueiro. Posso dizer que o Coudet o reinventou como jogador — cita o setorista de Racing do Diário Olé Nicolás Montalá.
Não é apenas na defesa que Coudet tem feito improvisações. Meias de origem, D'Alessandro e Thiago Galhardo têm atuado como atacantes desde o começo do ano. Patrick, Marcos Guilherme e Sarrafiore são exemplos de outros atletas que foram usados em funções diferentes das suas originais.